sábado, 28 de abril de 2018

Imagem do dia!


O Rio para trás

Já aceito deixar o Rio para trás,
amigos e amores também,
já me vejo longe,
já me sinto como um outro qualquer,
como se em minha vida
não houvesse uma pedrinha portuguesa pra cantar.

E toda beleza parecesse uma besteira,
um detalhe tão pequeno pra fazer mundo mudar,
um detalhe assim, muito, muito pequeno demais.

As nuvens baixas sob a luz do jockey,
o Rio imerso na bruma de um inverno infernal.

As caixas vazias como os corações das meninas,
as avenidas, e os meus bons dois irmãos.

Já me vejo longe, já me vejo tão distante,
como se tivesse partido, partido há alguns anos atrás,
estou velho e louco,
velho e choroso,
triste e saudoso de tempos atrás,
tempo demais.

E toda beleza parece besteira,
parecem detalhes que são pequenos demais,
pequenos demais pra importar,
pequenos demais pra me fazer ficar.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Infinitos verões

Cantos coloridos da cidade
ainda me fazem cantar
encantos repetidos
e encontros descabidos
são como música
pra quem quer dançar

Ainda me perco
pelas minhas partes favoritas
eu ainda penso
em desaguar por mil esquinas
fantasio viver
por verões infinitos

Que é pra dar corpo
pros mares e pras areias
pra entregar a carcaça ao sol

Pra desandar e nem dormir
e viver todos os dias
como quem nem é daqui

Imagem do dia!


O Marina

Da janela, o Marina no leblon
parece concordar plenamente comigo,
parece dizer que é assim que a vida anda
e a banda toca como nada mais fosse mudar.

As ruas não param, os sinais de trânsito,
a chuva desaba, deságua sem dó,
e eu desabo também, desato os meus nós,
deságuo o meu mar de lágrimas.

As cagarras sempre vão estar ali
pra rir de mim e dos meus enganos na beira do mar,
a maria e a joana, a garcia e o poeta também,
vão todos sempre estar ali pra me consolar,
pra me orientar como ninguém...

Madrugadas libertinas, madrugadas solitárias,
as areais como companhia,
e as pedrinhas portuguesas pra eu me divertir,
como os bons cristais, e os tiros de alívio
que as multidões sempre deram por aí...

Daqui debaixo o Marina no leblon
está tão longe que mal posso ler,
o letreiro vermelho que há pouco
parecia estar piscando pra mim,
já não me enche de certezas,
só engrandece minhas tristezas,
e a solidão à primeira luz do amanhecer.