terça-feira, 30 de julho de 2024

Despossuir

 Ela viveu tantos dias de sol
que nem posso contar
deu mais sorrisos sinceros
do que há ondas no mar

Tem a fagulha infalível da criação
flutua serena na existência
sem peso, sem norte, 
vertigem, nem aflição.

Sente tão naturalmente o fervor
dos dias de sol,
corre pros mares que a convidam,
invade os lugares que não a viram.

Nutrida da ineditez que só leves almas possuem,
percorre seu caminho pelos desejos mais simples,
pelo deleite impossível, pelo prazer intangível,
a necessidade incurável de apenas despossuir.

Viver e despossuir,
viver e não ter que nada,
só viver, sem mais nada.