Sofrêgo e brumado sigo firme
de coração aberto e com o peito alarmado
tomado da indigência de sentir-se pouco humano
dormente e em desagrado com o ser.
Desando na cidade com olhos falsos,
não há nada e nem ninguém que seja meu.
O âmago, que é Deus, foi devorado!
Me sinto sempre apenas um cadáver.
Os dias e os meses que eu conto
há muito já não fazem mais sentido,
tudo é uma superfície arrasada,
e o raso é o que me causa mais horror.
Desando na cidade com olhos caros,
não há nada e nem ninguém que seja meu,
O âmago, que é Deus, foi derrotado!
Me sinto sempre apenas um cadáver.
Gente quando é gente me da medo,
pessoas vãs fazendo estardalhaço,
farsantes de uma terra muito oca,
de corações e cérebros iguais.
Por isso eu deslizo na cidade com olhos falsos,
não há nada e nem ninguém nesse lugar que seja meu,
e o âmago, que é Deus, foi devorado!
Eu me sinto sempre apenas um cadáver.