sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Empório

Foi numa noite no Empório
que ela disse que me queria
e jurou por sete felinas vidas
que eu era o amor de todas elas
e que só sabia ser minha...

Um pouco estranho pra um amor de meia noite
e no entanto foi um enrosco, bela-noite!

Mas quando o sol já queimava no céu
foi uma cena, uma tragicomédia cruel...
Me pediu um dinheiro pro taxi
e uma ajuda de custo pra fazer manutenção.

Atendeu o telefone com outro nome
e fez um bye bye de longe
como se tivesse trocado de coração.

Era da vida e tão menina e já perdida,
loira daquela quase branca, de olhar fatal
com um jeitinho meio junkie coisa e tal...

Era Karina, era Maria, era Joana,
era Renata, Daniela, era só Anna...

Ela era todas elas
e eu era mais um...

Falava bem, sorria bem, fazia línguas
filha da PUC e do meu baixo,
nascida do lado de cá...
Do lado que fecha com certo,
da zona que fecha com o mar.

Era Malú, era Marcella, Juliana
era Marina, era Thaíssa, era Fernanda.

Ela era todas elas
E era tão linda, tão linda que nem sabia.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

De Moraes

Há tempos que eu vivo com medo de morrer
medo de ir de repente
sem poder dizer que fiz parte, que escrevi o nome ali...

Sem poder dizer que chorei tudo que chorei
pra no final poder sorrir...

Ou que amei tudo que amei,
pra no final poder viver do que colhi.
Louvando tudo aquilo que não se pode esquecer
o que vivi e o que tenho pra viver...

O pedantismo bar a dentro
o "xis" demais largado na palavra quase sempre embreagada e ao vento
o riso doce já sem nenhuma mágoa...


E o abraço amigo de alguma das que amei,
abraço que nunca quis,
não quero, nem hei de querer...

Porque é muito pouco pro que sou
e muito pouco pro que é alguém que eu tive pra mim.

Mas não há nada que não se supere com uma garrafa
seja no copo ou de encontro a cara.
Tudo se resolve com o nosso corriqueiro marrentismo coloquial
que deixa tudo jogado no ar, sem pressa
largado num vendaval de lembranças, turbilhão de emoções...

Choradas no penoso amor demais, vívidas no samba e canção,
na trilha óbvia que é a bossa já não tão nova, e linda, e viva.
Numa já não tão ecantadora montenegro e nascimento silva.

Mas há ainda nesse meio perdido,

os que vivem desse amor e dessa dor.
Desse clichê de sentimentos e rimas batidas
que bateram e ainda batem nos passos cantados
de caês e coschi, lobos e cajus

dorís, tons, tocos, lyras, badens e dindis.

Velhos reis de um tempo bom
que de viéis cantaram esse amor...

Cantaram as meninas e todo o azul,
versaram primaveras de pés na areia.

Cantaram e transformaram toda a cor,
mais ainda, deram nome a vida!

Deram vida a um tempo lindo e de vícios imorais,
vivos vícios que admiro e verso
embora infelizmente não tenha esse talento de poeta
como um certo "De Moraes".

sábado, 25 de agosto de 2012

Conspiração

O teu feitio esguio
e a pele branca de tanto amar
os teus passos coloridos
e as curvas tagarelas
que disseram tanto dos teus erros
tanto do teu andar de fera...

Olhinhos de doce mel
que adoçam esse mar de amor
de marcas pelo corpo
de noites a perder
de tempo que escapa pelas mãos
e não há o que fazer.

São coisas que não se podem explicar
são almas que se batem
se encontram sem querer
são histórias que ninguém contou
mas que é tão bom poder lembrar e dizer...

Que ainda te vejo como há uns três anos atrás
de vestido branco, com aquele sorriso descarado
parada me esperando, sem pressa
e com tanta ternura nos olhos.

São coisas que não há como explicar,
são forças que nos unem.

Conspiram por aí pra a gente se esbarrar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quase sempre

Eu quase sempre te quero
e quando não quero
eu quase que não me sou.

Eu me perco nos pensamentos
dos dias que disse fui e não vou
de tudo que eu não fiz e podia ter feito por esse amor.

Eu quase sempre te quero,
e já disse que te espero sempre pra sonhar.

Mas você não me basta em nuvens.
Você só me faz feliz assim de perto,
bem de perto e em domingos febrís.

De tempo em tempo, cama em cama,
viciosamente das escadas pro sofá.
Com a cumplicidade no sorriso branco, lindo,
pra lá e pra cá...

Sem marra, despida, jogada na lua
mandante e refém do medo de amar.
Mas sempre quente, muito quente,
fazendo planos pra qualquer dia, em qualquer lugar.

E não se explica,
nada disso tem um por que...
e nem precisa.

Eu faço isso por que sou...

eu.

Você faz isso por que é...

você.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Descontrolado

Domingo chove,
domingo é noite em mim o dia inteiro.

É dopamina regulando,
é desespero...

As sombras habitam tudo que é meu,
tomam todo esse lugar, não há nada vivo demais aqui que me traga um sorriso
e isso nem é trágico...

Domingo é tristeza pulsando a milhas por hora
no pulso que inteiro não corta a minha onda
e só me assombra com um futuro de, sei lá, cinquenta anos a mais.

E então eu insisto nesse jogo
desisto do adeus, jogo isso a sério
e não pela ultima vez, aposto alto,
é como um vício...

Por que é lindo ver esse teu sorriso que de repente me encaixa
nesse quebra cabeça triste de concreto e asfalto,
e tempo, e preocupações, e bordões demais, e amor de menos...

E os sonhos que antes eram tudo,
os sonhos que me tiravam os pés da areia...

Hoje sussurram a felicidade
num ritmo que o mar invejaria.

Por isso eu corro atrás, eu quero mais
por que não é novidade,
não é brincadeira... Nunca foi!

Eu to viciado em você,
to vidrado no teu movimento.

Eu to perdido ignorando outros tantos corpos celestiais
que me cruzam, machucam, me deixam tarado
nesse mundo fútil, lindo, de belas cadelas de marca e marcas de sol...

De tatuagens que ninguém acharia se não fossem tão fáceis,
não fossem tão ágeis no seu instinto louco, autodestrutivo de caçar.

Caçar e atirar sem querer, por lapso, no amor!
O amor, logo o amor que nada fez.

E agora, por esse trágico vício nosso de ignorar o amor ferido.
O mundo é mais triste e sombrio.

O mundo de repente é domingo demais pra viver.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sintomas

Eu perdi meu tempo assim, vagando...
perdido demais pra querer alguma coisa,
louco demais pra pensar em uma por vez.

Descendo pelo asfalto, ouvindo coisas,
nas madrugadas tentando não ligar pelo celular
ou pro que vão falar amanhã de manhã.

Tanto faz, só não me peça pra dizer por aí
que nós não fomos nada demais...

Porque depois da meia noite
eu pertenço de novo a você.

E todo final de tarde voltando da praia,
eu vou pra casa tentando te esquecer.

Independe da dose,
do cansaço ou da depressão...

Terça, quarta
sábado, domingo
inverno ou verão

Você me mata assim de longe,
me revigora a cada aparição.
Loira, esse tipo de loucura não é minha
são os sintomas da tua falta, é solidão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Harmonioso silêncio

Harmonioso é o silêncio que corta os ouvidos,
que canta canções só à dois, só nós dois,
eu e ela, e um céu sem fim no mar,
parecem nuvens brancas, mas são ondas...

E batem na lua deserta, em meio ao caos,
desses precipícios sociais...
E os tais, nas suas coberturas
cobrem mundos,
mundos mudos falsos leblons.

Ao som do silêncio da manhã,
em meio a tantos ideais perdidos,
tantos choros, tantos risos...

Eu me afogo numa xícara de café,
e sujo as mãos com o sangue capital do jornal.

Que mal...
Que mal tem?

Mal nenhum...
"Mal nenhum a não ser a mim mesmo"

Mas o silêncio me trai de repente,
num grito insano e ruim...

E era só mais um, mais um qualquer do meu lado,
que queria deixar de amar, deixar de sonhar.

Pra escrever um final feliz, 
uma história real...

Sem mal nenhum nas calçadas 
e mesas de bar
nas pilastras 
e pedras redondas 
esculpidas pelo mar.

Sem mal nenhum...
nos canudos, 
tirinhos 
e sedas queimadas
nas viagens 
e nas dores todas anestesiadas 
e esculpidas pelo amor.

Feito poeta, eu vivo vivendo milagres,
iluminado, levitando entre os espaços
cantando os desmaios, 
os deslizes de Deus...

Orvalhos, ensaios simples,
onda pros que veem e não sabem
da beleza que canta por si.

Menor esforço,
só ando torto pra enxergar melhor o mundo.

Só vivo torto por aí
pra que me chamem de vagabundo.

Menor esforço,
eu vivo assim sem cessar, 
sem negar um só verso
ao mais simples deslize 
que é uma lágrima de flor.

Não é orvalho, nem ato falho,
é a tristeza de um lugar ao sol 
com tanta sombra por aí.

E de encontro a outros e outras,
em passos cordiais e sem valor,
eu vivo só de esmola,
vivo feito um beija flor.

Esse é o meu mundo, 
meu mundo mudo.

Cruel... feliz.

Esse é o meu jeito, 
meu jeito tolo.

Não ver defeitos
e pesar os olhos pra quem não me faz feliz.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É poesia

Você é poesia de rebento
só invenção...

Poesia de vontade
pura, sem nada demais pra contar.

Só tenho aquilo que grita no teu corpo
e no teu rosto pra dizer...

Só tenho pra falar da magia
da pele branca, linda
da histeria dos teus traços caprichados
do contento de outros tempos inconcebível
de te cantar sem nunca te ter nas mãos.

Gata garota
de sorriso rasgado
de manias bonitas
da elegância do trajar

Do nome gostoso
nome também de outras paixões
e dos conselhos já lidos
em livros de outros verões.

Você é poesia
sem verso e sem prosa

É poesia de vaidade
da vadiagem de outrora
de deixar como estar
de viver pra levar e ser feliz.

Você é poesia de curva,
é poesia gostosa.
De pintas, de marcas,
de tantas faces, covinhas e riso.

É poesia de noite,
de chuva pra se dançar.
Do olhar de amor,
do olhar de matar.

É poesia de dia,
de horas rolando na cama.
Do calor da lua queimando na areia,
do mundo parando pra te olhar...

E do mundo parando pra rir
ao me ver dizendo que nem quero tanto assim,
que nem vi, dizendo da boca pra fora que já não estou nem aí.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Imagem do dia!

Homenagem de Fuça livro (www.facebook.com/Fucalivro) ao super bacana Caetano Veloso pelos 70 anos completados nesta terça feira 7 de agosto.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Amor, amor

É tão bom respirar esse tempo morto
e nessas semanas de sol quente,
esbarrar na sua sombra, por aí...

É bom te ver "de vez em nunca"
naquele vestido verde encantado
todo pintado pelos meus olhares.
E seguir os seus passos largos
seguros, firmes, lindos, tristes.

Amor, amor...
o que há nesses olhos, há quem diga:
não é feito de coisas boas.
Falta inocência e tato,
falta a paz de um tempo pleno,
falta o calor dos meus abraços.

Ande, ande sim... Pode andar!
Mas não deixe de olhar pra trás,
e me espere sempre pra sonhar.

Também não esqueça, não apague
não disfarce um só momento...
Eu te quero sempre sem máscaras,
sem mágicas pro mundo parecer um lugar melhor.