terça-feira, 27 de março de 2012

Nuvens

Nuvens de quebra-cabeça
em dias de sol
que o azul do céu me traz você...

Me faz viver essa triste coincidência
e ver seus ombros de novo
num lindo vestido azul em degradê
enfraquecendo lentamente
como aconteceu comigo e com você.

E eu insisto de novo; teimo que compro pra sempre a distância,
digo que não quero nada disso...
Só quero paz, amor, novas trilhas, novos discos.

Mas os ventos de maio lançam seu cheiro por ai
e outras estações trazem seu corpo, seu rosto
marcam suas unhas cravadas no meu peito
e o meu olhar sem jeito de ser sempre calmo demais...

Por isso as nuvens punem
e o sol brilha sempre desafiador
as areias gelam, as pedras queimam
e o mar deságua todo esse inexplicável amor.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Peças

Os meus sonhos andam me pregando peças
trazendo lembranças distantes
coisas que já não existem mais...

E hoje eu acordei desesperado
levantei com um pulo da cama
procurando que nem louco aquela velha caixa laranja
revirando os cantos da casa
desistindo e morrendo a cada segundo passado.

E por mais que esteja longe
dói saber que foi tudo tão bom
essa parte túrbida, burra e viciosa
que o astro rei num plano irônico
quis fazer ser tão gostosa.

Mas sumiram com essas loucuras da vida
largaram por ai despedaçadas
perdidas, abandonadas pelos quartos...

E os desenhos, as fotos, os quadros
as caras e bocas nos flashes da noite
as falas manjadas e as mágoas que nesse tempo,
acabaram contando demais de nós dois.

Todas essas coisas
todos os cachos torcidos de final de noite
as deixas cruéis e o sexo fácil...
De repente são coisas tão passadas
exiladas sem nenhuma compaixão.

Tão distantes, que hoje eu acordei em vão, desesperado...
Procurando coisas ruins pra achar uma saída,
querendo manter tudo longe, querendo que fosse mentira.

Precisando que próximos fossem só os defeitos; O fim.
Pra esquecer tudo aquilo que já não me faz tão bem assim.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Fácil

Vida difícil, madrugada, vários vícios
e a cidade apagada ainda não para de gritar seu nome.

E se você quer saber pequena...
tudo andou ruim pra mim,
eu já nem sabia como era viver feliz.

Andei pichando linhas, correndo contra o tempo,
suando aqueles sentimentos...

Eu quis mudar tantas vezes que não consegui nenhuma,
pensei amar tantas vezes que não amei ninguém...

Deixei pra depois, fui levando, só arrastando a vida.
Comprei barulhos de graça, fui da ralé a reaça,
gastei várias das sete vidas e briguei muito mais do que eu deveria.

Vida fácil, madrugada, vários vícios
e a cidade apagada já não tem você por todos os lados.

E se você quer saber pequena...
o mundo andou também pra mim,
já não é tão complicado assim viver feliz.

Andei respirando mais, vivendo mais,
deixando em paz o tempo,
suando menos, largando por aí os sentimentos...

Eu quis mudar tantas vezes que mudei e nem vi.
Pensei ser triste tantas vezes que há muito ando feliz e nem percebi.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Sete

Sete horas da manhã
ainda tantas horas sem você,
sete faixas repetidas
naquele mesmo Cd...

Pra fazer correr esse tempo chato
essa semana de sol lindo,
de cinco vezes vinte e quatro horas cinzas,
cinco dias de quarenta graus frios
num só triste e depressivo ser...
que ainda não sabe viver sem você.

Amor, amante, parasita,
de olhos verdes quentes, sem mágoa,
que vive a ansiedade disposto,
vive em contagem regressiva
só pra sentir o seu gosto.

Pra querer logo, mais, sempre muito mais
e te usar sem remorso,
e te devorar sem culpa nenhuma...

Tomar todo o seu precioso tempo
passando os dias derramado na cama
sendo todo pra você e sem porém...

Devoto, entregue, amando sem depois,
desocupado e dependente,
de tudo aquilo que só se tem a dois.

É um alívio imenso ter você,
eu não aguentava mais contar as horas
e ficar pensando em te perder...
porque quando você está por perto
me sinto muito mais próximo de viver.

São sete horas da manhã,
o mesmo cristo na janela,
o mesmo sol me chama
e a tal da vida é bela...

Seria um lindo dia
mesmo que acabasse por aqui...

Seu cheiro no meu travesseiro,
me deixa feliz de um jeito que eu nunca vi.

São sete horas da manhã
e há ainda tantas horas pra te ver,
o espetáculo da inocência
é ver o seu rosto amanhecer...

E sim; esse seria um lindo dia
mesmo que acabasse por aqui.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Repetir-mo-nos

São duas quinze,
a madrugada de um domingo estranho.

Eu acordei agora
mas não larguei os sonhos na cama.

Levantei ainda perdido,
descontroladamente repetindo passagens.
Peguei a minha chave, botei um short velho
e desandei pela cidade...

São dias assim que me matam,
noites como essa se repetem
e curiosamente me acho nas ruas em que eu mais me perdi.

Já é quase manhã
e eu passei pelo nosso lugar umas setenta e seis vezes.

Até secar o que eu tinha pra chorar
até não ter certeza do que eu queria encontrar.

E revivo tudo isso com algum gosto
mesmo sabendo do final, sentindo tudo que sofri.

Desejo desesperadamente sem pensar,
tudo aquilo que me matou, muito mais do que me fez sorrir.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Castelos de gelo

Um brinde aos que andam a pé
e ainda falam sozinhos
vão descobrindo os caminhos sem ver
iluminados pelos seus faróis
os olhos que brilham sem nada ter...

Pescando vagalumes com anzóis
sorrindo e esperando os sóis que fazem bem
as idéias que unem
bons olhos pra ir além...

Um brinde aos que andam sós
a espera de um bem maior
de um fim sem dor pra dois...

E o fim de tarde vem...
Salvando os pulsos de qualquer maluco
nessa dança de luzes, os corpos sem posses são putos
juntando os cacos em meio a todo o caos dessa social
só pra ir com classe ao chão.

Um brinde aos loucos como nós
vivendo folhas, virando pó
nas pedras nossas, areias dóceis
faremos parte, sejamos fortes...

Erguendo nossos castelos de gelo; No coração!

Pra manter a calma.
E a alma clara; Com a ajuda do sol!

Um brinde aos que não sabem pra aonde ir

Um brinde a todos que dizem não;
E aos que dizem sim!

domingo, 11 de março de 2012

Tudo corre bem

Tudo corre bem nesse momento sem você
nesse templo de loucuras que a cidade se tornou
nesse tempo de mil anos a dez, sem amor...

Tudo anda meio preto e branco
meio sem sangue
e os teus sorrisos hoje fazem tanto sentido
quanto a ideologia punk...

E as linhas tortas na orla pobre, cheia de veneno
a areia suja, as pedras pixadas
o vento, o sereno... E outras meninas desalmadas.

Tudo corre meio morto nesse momento
e você sabe bem por quê...

Tudo anda meio preto e branco
meio sem sangue... E você sabe bem por quê!

O asfalto molhado das noites do baixo
os dias quentes, lindos, claros
e as noites de nuvem no céu
de frio e lua pra querer demais...

Janeiro e o calor
"Eu preciso dizer que te amo"

E as luzes na sacada
a mania de amar
champanhe no café
e pra almoçar...

Tudo isso é você, ainda que distante
e todo o passado é tão mais claro
do que o que eu vivo nesse instante...

Por isso tudo anda meio preto e branco
meio sem sangue... E só você sabe por quê!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Longe demais

A tv ligada nessa quarta feira fria
hoje mostra muito mais do que ela deveria
vejo tudo sem nada entender
eu hoje posso tudo sem nada querer...

Essa noite acordei de repente
e tive você nos meus sonhos de novo.
Já era tarde... Ou cedo demais pra nós dois,
porque eram nossas 12 horas preferidas.

Hoje eu acordei sem querer
mas não levantei da cama pra não desencantar
e depois de tanto tempo seco
eu tive lágrimas suas pra derramar.

Olhei de novo outras fotos,
eu quis estar ali.
Lembrei das brigas sem lógica,
e também quis estar ali.

Hoje o que é bom, nunca é doce o suficiente
você me fez perder um tempo
você me fez querer demais...

Deixou os vícios vivos
virou a vida, vitimou meus mais puros sorrisos
e foi viver longe demais.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Meu sossego

Só você me diz o que quer sem falar
sem dizer, só no olhar...

Musa do meu sossego
clareia meu chão de pedras
e as tantas incertas que cruzaram por aqui

Só você me põe no rumo
com você eu encontro o prumo
e juro que entenderei o amor
só pra poder sentir por você.

Eu quero noites nossas...
inúmeras rosas, suas costas são meu céu.

Eu quero me perder...
pra quem sabe me encontrar em você, assim, sem querer.

Musa do meu sossego
vem iluminar o meu lugar
tornar a vida menos chata
me enfeitiçar com seu olhar...

Digo que o pôr do sol é nosso
e essas pedras nem me fazem tão mal agora
não me culpo por dormir além da hora.

Musa do meu sossego
pegou de jeito meu desapego
me deixou sem ar, sem direção
musa minha, menina do Leblon.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Trampolins

É noite nas almas escuras
mesmo quando o sol brilha
tem sangue nas calçadas
nos jornais
nas madrugadas

Tristeza nos sorrisos
falta paz no amanhecer
calor e frio são riscos
não são lindos, nem demodê

Mares e edifícios
são lugares próximos, distintos
mirantes, praças, bosques, pedras
e na certa em sacadas
existem trampolins perdidos por aí

É noite pra quem anda sem vida
mesmo quando brilha o sol de um novo magnífico dia

Carros ou caixões de metal
oxigênio ou essa estranha nova concepção do tal
desencanto, veneno, vôo livre sem dor
cápsulas de paz, o plano B de um feliz desertor

Há tristeza em lugares estranhos
e existe pouco do que se quer bem
fora o fato de dizerem por aí

Que eu não amo ninguém.