quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Corte raso

Novidades me sufocam,
cortes rasos,
sal pra arder

Noites fartas,
sol da tarde,
vida mansa pra entender...

Que os paralelos da cidade falam de você,
e as areias do nosso lugar,
as esquinas dos generais,
todas as coisas que fazemos
como fizeram os nossos pais.

Coisas velhas, coisas lindas,
sons e pares tão distintos,
os teatros, textos, sonhos,
coisas velhas, tão cafonas.

Estilos me tiram do sério,
leio menos, falo tanto,
tiro o pé, nunca fui santo.

Largo tudo, fujo agora,
não, é sério,
eu vou embora...

Querendo as mesmas coisas velhas,
procurando algo que eu entenda,
algo que me entenda sem você...

Enquanto homem,
homem triste,
corte raso,
e sal pra arder.

Imagem do dia!

Sabba (surfista local) pulando do pier de ipanema - 1972

Foto: Mucio Scorzelli

A vida é massa

Pelos dias, pela tarde,
sinto falta de um amor,
não parece realidade,
onde eu deixei o sabor?

Que sempre soube que a vida tinha,
mesmo não sendo sempre as mil maravilhas,
nunca deixei de acreditar,
eu não fugi daqui...

Mesmo que mil dias se passem,
e eu não tenha pra onde ir,
mesmo que a tarde embarace,
há sempre porque sorrir...

Que eu sempre soube que a vida é massa,
mesmo não sendo sempre feliz,
é importante que todos saibam
a delícia de existir.

Pelas trilhas, pelas margens,
sentir mares e calor,
linda e velha realidade,
onde encontrei o sabor...

Que sempre soube que a vida tinha,
mesmo não sendo sempre só alegria,
eu não deixei de acreditar,
e sempre estive aqui...

O peso do meu coração

Hoje eu acordei cansado e nem notei,
eu não reconheci o mundo que vi pela janela,
o asfalto quente já não é mais de dezembro,
e eu me peguei lendo tudo meio fora do lugar...

O cego de ipanema me conforta,
junto de umas boas voltas na lagoa,
e um disco velho do Barão,
coisas tão pequenas, pequenices tão imensas
que ainda me dão uma direção.

Hoje eu acordei tão mal,
sentindo falta de quase tudo,
sentindo falta de um outro mundo,
e de coisas tão pequenas que ficaram para trás.

A garcia e a gorceix, ipanema tão imensa,
e um mundo de lugares pra sorrir e encontrar,
o coqueiro grande, o letreiro do marina,
posto 10 em frente ao cap ferrat.

Hoje eu acordei sem sono algum,
e precisei fazer valer,
mas nada pareceu real,
tudo anda tão igual...

Dezembros não me movem mais,
janeiros, e nem carnaval,

Hoje eu acordei tão down,
hoje eu precisei sair,
sair pra variar a direção,
sair pra avaliar o peso do meu coração.