terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cega simpatia

Cega simpatia perdida em olhos negros carentes de luz
olhos de bola de gude
que nús brilham confessos

Brindam toda parte
com sorrisos de criança
e as tuas ancas, marcas, e cor
metralham tantas indagações mudas
que até acho justo aquele lance de morrer de amor

Ciúme e dor de graça
tudo é carinho e ameaça
qualquer momento em duas caras
inéditas como as cenas que nunca fizemos
ou as outras todas tão batidas que assistimos
e que desejamos tanto.

Tudo que é novo, agora é roto, opaco, meio morto
a vida de repente é preta e branca
é sem valor...

E ta valendo qualquer coisa pra mudar
ta valendo mil maneiras pra esquecer e só deixar rolar
rir à toa, ao natural...

Ta valendo brindar a vida fácil
sem medo de olhar pra trás
de estar errado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ipanema continuará linda

Tudo que eu quero são seus sonhos mais lindos
na nossa futura realidade...

Tudo que eu quero são esses sorrisos distantes
figurando na rotina dos nossos sublimes instantes
nas mensagens e fotos nas estantes.

É muito tempo pra pensar de novo,
nem sei porque precisa ser assim.

É muito tempo por escolhas óbvias,
e por mim amor não vai ter fim...

A casa cheia de livros
com um toque hippie
plantinhas na varanda e um velho toca-discos...

Quadros no corredor
chão de tacos bem limpos
as portas sempre abertas e o vento fluindo.

É muito tempo pra pensar se quero,
responderia agora com você ao meu lado...

É muito tempo veja se concorda
e é tudo que eu quero começar agora...

Mochilas jogadas em cima do sofá
as crianças atrasadas para ir à escola
o cachorro latindo querendo passear
e de repente tudo isso é mais importante que o ar.

E ipanema continuará linda
é tão bom saber que o mar é logo na esquina
vamos juntos ao arpoador ver o sol se pôr...

Manter a vida com aquela cor de alegria,
a boa vida fácil que a gente queria,
o vento na cara, os carinhos, e as boas viagens
o passado pelas ruas e as nossas miragens...

E ipanema continuará linda
é tão bom saber que o mar é logo na esquina
vamos juntos ao arpoador ver o sol se pôr...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Decifro-te

Nasceste bela por inteiro
te deram por direito um nome que é poema
sem saber que dessas 
cada uma tem suas palavras, suas falas, suas cenas

Nem todas escritas ou descritas
mas que talvez um dia se tornassem cifras
de uma canção que faça jus
de um qualquer que teve amor e decifrou teus cantos, teus azúis...

Foi fiel a beleza que viu
e agradeceu então as esferas, ao senhor delas...

O talento, o dom de poder ver
o que nas tuas curvas, teus detalhes
foi escrito um dia sem ninguém saber.

Por isso hoje decifro-te morena
te gravo e eternizo
torço pros negativos serem só das fotos de nós dois.

Devoro-te em silêncio
te guardo enquanto é tempo
e é sim, bem menos do que deveria
mas é nosso todo tempo que ainda está por vir.

domingo, 21 de agosto de 2011

Imagem do dia!

                                                                              Digníssimo protesto...


Dopamina

Hoje o tempo passa igual a muito tempo atrás,
mas tudo é diferente sem você.
Não tem nada especial, todo dia é triste e esquerdo
e mesmo que não exista segredo até o acaso é sempre igual.

Por mais que eu só cultive o meu lazer
sinto falta de querer aquelas coisas que eu nem queria
só pra ver mais um sorriso seu na minha vida.

Hoje é tudo tão vago que eu já nem paro pra pensar,
vivo correndo sem destino, procurando encontrar
alguém que seja pra mim o que você foi,
que aceite ser um só e amar por dois.

Deixei tudo que eu tinha de doce, espalhado pelo seu corpo,
perdido nos olhares de criança e de quero mais...

E aquela vontade de ser pra sempre
hoje me consome tanto
que queima tudo que era lindo
e faz perder-se em pranto o que era puro.

Hoje a vida é dopamina
bem menos natural que em tempos nossos.
Não tem seca, mas se desregula
me abate e em pouco tempo só sobram os ossos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sofia

Olhos azuis pouco expressivos
que sussurram o quão pequeno sou eu
diante dessa visão, diante dessa pintura

Que por mais que olhe de cima a baixo
não se vê uma falta, um traço esquerdo
perfeita em curva e espessura
em tom e imagem
em pele e fogo
em jeito e fama

Encaixa e veste assim, como fosse simplesmente...
Feita pra mim.

Por que será que foi essa demora?
esteve sempre tão perto, e é certo eu vejo agora
vejo bem que a culpa é minha e entendo como pena essa tal falha

Entendo que andei vagando vendado
mas que por milagre vi estes olhos mesmo sem poder
observei com desejo, seu trajar e seus trejeitos
fomos por horas só olhares e flertes
e quando teve que ser, quando por fim escolhemos um ao outro, e fomos um...

Fez-se tudo a imagem dela
e então me perguntei de novo...

Onde ela esteve?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Querer

Querer como ela quer
Viver do jeito que ela quiser

Passos, sorrisos, seus medos de gente
Seu medo de acabar só
E no futuro não ter mais "a gente"

Tudo como queres, pode ser que sim
Mas ainda faço tudo errado só pra ouvir ela dizer que não é assim...

Querer como ela quer
Viver do jeito que ela quiser

Feito cão sem dono, treinando meus olhos de esmola
Bicho, é disso que eu falo e já não vem de agora
Tem tempo to querendo me acertar
Eu to querendo ser do jeito que ela me aceitar

E que saudade doida é essa do dia de amanhã?
Vou levantar ao lado dela e escrever um poema em homenagem a todas manhãs...

Um hino da saudade

Um prelúdio pro futuro

Por que eu não sei de muito ainda
Mas vejo os ares puros...
Moleques, bichos, mar, e uma princesa
Vida boa, vida fácil, e poucos lugares vazios na mesa.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Tudo bem

Insisto em dizer que vai tudo bem
mas esses sorrisos já não mostram os meus desejos
e as noites insones que fraquejo e vejo sempre o que era nosso
hoje são mais presentes que o que vivo, que o que quero, e o que posso...

Não sei nem como dói
isso de viver partido ao meio
pensando em tudo que era lindo e virou medo e anseio

Admirável e cruel esse mundo todo novo agora sem você
sem saber aonde vai
com quem você dorme e com quem sai...

Mas ainda vai tudo bem
nessa escola de horrores
onde na dor se aprende que os amores
não são feitos pra durar

Baby por favor, quando me ver não deixe dúvida
venha e me diga que está tudo bem, está tudo bem
tudo vai muito bem...

Me mate mas mate de perto pra eu poder sentir você
saber se ainda posso te ter lua estrela, viajar sem me mover...

Insisto em dizer que vai tudo bem, que vai tudo bem, tudo vai sempre bem.

Esplanada

Me diga o que move essas pernas,
o que faz brilhar esses olhos mel,
me diga e não briga, esqueça as penas,
eu vou fazer de tudo pra ver você sorrir,
pra ver você feliz.

Que fase, pequena,
quantas lindas cenas eu sonhei,
todas quase ensaiadas por dias e noites,
delírios de rei.

E as tuas amarras agora espraiadas,
as noites de gala, as manias amadas,
jantares no esplanada,
é tão bom ter você...

Por perto é quase certo ser feliz,
é quase mais lindo que ver o sol se pôr,
é achar meu caminho
sem me opor ao mundo que cultivo
e boto todo aos teus pés.

Vivo pra ver os sonhos firmes em terra,
o brilho, os astros, e as estrelas,
figurando na nossa aquarela...

Ver todo nosso caminho,
os erros, as lágrimas no escuro,
e os desvios.

Cada ponta de sofrer,
o frio que bate no peito,
as coisas do coração,
e aquela velha e domingueira rouquidão.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Olho mágico

Dia lindo, como há muito tempo não se via,
daqui pra fora, ou mesmo dentro,
o limite do olho mágico se foi há algum tempo.

Sinto-me pouco digno dessa luz,
acho que vou brindar o dia com a minha ausência,
e é o melhor que faço,
me sinto pequeno e é bom reforçar;
pouco digno.

Esse é um dia que não merece escurecer,
um dia que se eu pagar pra ver,
perderá o brilho, vai pesar na alma.

E então, julgado e condenado 
por um raio de minha lucidez,
cumpro feliz e contrariado,
doze horas de trevas totais
o ócio mais puro, sem luz, 
sem som, só sombras.

O carimbador de almas

Sabia que podia
apesar do que estava escrito,
sabia que não ia desistir.

Tudo idealizado,
sem deslumbre pelo poder.

Tudo sempre na palma da mão,
sem nenhuma chance de se perder.

Cultivava a sua volta
lindos pontos no espaço tempo,
pintados por aí pra não esquecer,
num dia quente daqueles seus,
sentimentos derretendo feito a cera no entardecer.

Confiava só no acaso
porque ele nunca o traiu.

E não gostava de pessoas,
só de algumas poucas e boas.

Escolhia os seus lugares
incluía quem ele quisesse,
colhendo almas bonitas
pra que elas não esmerilhassem.

Sabia que podia
um outro mundo escrever,
sabia que ninguém podia deter.

Em noventa graus pra entreter os olhos,
perder-se em cores, em vícios e corpos.
Na areia azul do mar ou num mar azul de areia,
com o sol da noite que brilha e com sorrisos lhe presenteia.

Batuques, coqueiros, machões, eunucos garanhões,
meninas felizes velando em choro baixo
os seus já falecidos botões...

Sabia que podia
esse outro mundo vivenciar,
mas sentia que o tempo é cruel,
e as máscaras iam despencar.