sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O carimbador de almas

Sabia que podia
apesar do que estava escrito,
sabia que não ia desistir.

Tudo idealizado,
sem deslumbre pelo poder.

Tudo sempre na palma da mão,
sem nenhuma chance de se perder.

Cultivava a sua volta
lindos pontos no espaço tempo,
pintados por aí pra não esquecer,
num dia quente daqueles seus,
sentimentos derretendo feito a cera no entardecer.

Confiava só no acaso
porque ele nunca o traiu.

E não gostava de pessoas,
só de algumas poucas e boas.

Escolhia os seus lugares
incluía quem ele quisesse,
colhendo almas bonitas
pra que elas não esmerilhassem.

Sabia que podia
um outro mundo escrever,
sabia que ninguém podia deter.

Em noventa graus pra entreter os olhos,
perder-se em cores, em vícios e corpos.
Na areia azul do mar ou num mar azul de areia,
com o sol da noite que brilha e com sorrisos lhe presenteia.

Batuques, coqueiros, machões, eunucos garanhões,
meninas felizes velando em choro baixo
os seus já falecidos botões...

Sabia que podia
esse outro mundo vivenciar,
mas sentia que o tempo é cruel,
e as máscaras iam despencar.

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