quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quarta feira

Toda quarta feira fria você me procura
querendo que eu te esquente
querendo alguém que mente
alguém que te encha de coragem
pra ver o céu relampejar...

E eu vivo com medo
de não poder mais mentir
por que se eu te amar de verdade
o mundo acaba pra mim.

Já nunca fui muito de saber o que fazer
e agora ainda tem essa
pra me fazer enlouquer de vez, de vez...

Te amar é como bater mal um chá e não voltar.

É como estar cercado de leões no coliseu sem armas.

É não tirar a razão do assassino que mata por ciúmes.

Te amar é ter algumas, mas não querer nenhuma.

Te amar é viver só e achar bom...
É um sinal fechado, num daqueles dias de chuva na orla do Leblon.

É andar esperando os contrapontos,
pra poder chorar mais alto.

Pra poder soluçar à vontade,
sem desejar deitar no asfalto.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Qualquer dia

Qualquer dia você podia me chamar pra te ver dormir
e quem sabe fazer disso nosso segredo de criança...

É que ultimamente,
eu não tenho tido muito porque acordar
e também nunca escondi
que o que eu sinto por você ainda está longe de acabar.

É, isso vai virar mais um lamento de sotaque carregado
meio vivo, meio morto, meio fado...

Vou falar sobre pedras, paisagens, miragens
esquinas, lugares, livros, músicas...

E rimar com aquelas coisas jogadas
que nos nossos dias foram ditas, mas deveriam ser cantadas.

É, isso vai virar mais um lamento sem sentido
já que ninguém me da ouvidos, qual a graça de chorar?

Vou dizer que to feliz, que o mundo é bom
abrir um sorriso pra chamar a atenção.

Vou cantar o sol, fazer um som
viver nas ondas, ignorar a boa vida da margem e "ser"
é, foi isso que eu ouvi dizer e nisso que resolvi crer...

Um dia ainda vou ser esse tão valoroso alguém...

Que vai te esquecer.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nada

Já quis ser canalha
mas como dá trabalho eu esqueci...
Já quis me casar
mas constituir uma família ia ser o fim.

Já quis o amor de uma menina
e a decepção me fez pensar em estricnina.
Já quis ser poeta
mas me soou tão clichê que eu nem paguei pra ver...

Já quis dançar como Gene Kelly e Astaire
ser cafa como Sinatra
largar essa sina de ser vira-lata.

Já quis quebrar as pernas do amor de quem amei,
só eu sei, quantos crimes planejei...
Já quis decolar numa trip
numa noite junkie mix, mas não cheiro igual Hendrix.

Viver como Cazuza
Ser Jovem e Tremendão
Ficar velho e chato como Caetano
Tocar como Tom...

Fazer rock como os Mutantes
Emplacar hits como Lulu
Cantar como Jorge Ben
Ser imortal como Raul.

Eu já quis tantas coisas...
mas hoje eu deixo que me levem
eu vivo e só deixo pra depois.

O que não dói agora,
não pode me machucar mais...

Deixo sim, que tudo passe,
que tudo vá ficando pra trás.

Já quis surfar como Slater
driblar como Mané
Já quis ter as canelas soltas de Dekkers
pra escaldar os pangarés...

Já quis vestir a onze da canário
pra ser gigante como Romário...
(E não acabar no plenário.)

Já quis mulheres como Renato falou
uma pra cada gol... (do Pelé!)

Já quis largar os vícios
roubar uma placa na Vinícius...
(É, talvez eu tenha feito muito mais do que contei.)

Já quis atuar como Pacino
ser Brando como De Niro...
(Eu... já quis levar um tiro.)

Ou só não fazer nada
e me jogar da sacada...

Pra sujar a calçada
e dar cor a mais um dia sem graça.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Egoísta

Hoje eu resolvi descruzar as pernas e me concentrar
pra escrever o meu desgosto em não te ver mais...
É difícil te imaginar feliz de longe,
complicado explicar esse sorriso sem estar por perto, sem fazer parte...

Isso sem falar nesse anel na sua mão,
o cabelo além dos ombros de novo...
As marcas no mesmo lugar,
e as covinhas que ainda parecem tão minhas.

Sua vida anda mais calma
os passos menos tortos
histórias menos fortes
mas o sorriso é o mesmo...

Pelo menos é o que parece.
É difícil dizer, mas acho que a minha falta te fez bem.

E eu sou tão egoísta, que preferia como era...
louca, linda, solta, loira, inconsequente!
Com mais de mil planos que iam dar errado em mente.

Botando na mesa as taras,
jogando com os olhos a marra, enchendo a cara...

E com todo aquele ar de livre,
esquecendo de amar...
Esquecendo do mar, do sol,
e só vivendo a escuridão.

Morrendo por dias e dias
nos sóis mais frios que puderam existir.

Sumindo, se resguardando,
hibernando com a maldade,
pra que ela viesse a toda pela lua de qualquer noite.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tem dias

Hoje eu queria que o dia amanhecesse cinza
pra que você não quisesse me trocar pelo sol.
É, eu queria uma ajuda dos céus
queria água até não dar mais...

Pra que só houvesse tempo pra amar
e eu pudesse te amar, e te amar, e te amar
até te convencer a não me largar mais.

Hoje eu queria não me levantar da cama
e queria não precisar suplicar
pra ouvir você dizer que ainda me ama.

Mas você só me aparece nessas tardes frias,
quando da na telha...

Dias onde o tempo é o sensor, é tédio,
é silêncio gritando nos meus ouvidos
e esmurrando partes do meu corpo que eu nem conhecia.

Destruindo todas as mesquinharias reaças,
as áreas de escape, os recuos, os pontos de paz
estilhaçando vidraças, se garantindo no corpo
detonando a minha zona de conforto...

Jogando juras ao vento
com a classe esquecida fora dos quatro rebocos
miando pra me provocar
pra me fazer querer igual um louco.

E tudo isso é sem apego, tudo só pelos desejos
me fazendo de garoto que só vive pra satisfaze-los...

Mas tem dias que eu só queria poder te negar
saber dizer não, pelo meu bem...

Tem dias que eu só não quero amar,
dias que eu não quero amar ninguém.

domingo, 10 de junho de 2012

Armaduras

Paz é desfrutar desse tempo sem fim
tendo pra mim o ensinamento de levar a vida "como deve ser"
de ser mais eu só as custas do amanhecer dos meus sonhos...

E em paz contar nos grãos de areia da praia
os motivos pra ser feliz.
Florecer, criar raízes,
ter meus trajes já na pele, viver leve...

Sem muitas armaduras, nem muito medos
e só por via das dúvidas ainda ter alguns segredos.

Sim, mas sem medos, nem armaduras
só o mar e o vento pra lá e pra cá
só cheiro de mato e o balançar do velho jacarandá.

Sim, só eu e ela, sem muitas armaduras
e quem sabe uma ou duas princesas com as suas canduras.

É... Pode chamar de paz.
Pode chamar de "meu ideal" ou de "o algo mais".

Mas sem muitas armaduras, essa é a vida...
ela é leve, é linda e é pura.

Sim, sem muitas armaduras.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sem vida

Doce semana
sol, céu e tanta gente por aí

Engravatados correm loucos
e poucos são os que param pra viver.

E eu... to sempre decorando a paisagem
saindo no cartão postal.

Encostado em algum lugar
calmo, sereno, tranquilo de olhar...

Coadjuvante dessa rotina sem vida
transgressor de olhos safados
testemunha ocular da história triste
desses cadáveres adiados...

Louvando e ouvindo a vida louca vida do poeta...
que embala minhas mais preguiçosas revoluções mentais.

Sentindo sempre a mesma paz
surfando a poesia e rindo de algo mais
que naturalmente eu já não me lembro agora.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Medos

Um pouquinho de tudo que eu amei
está nas lágrimas das noites em que eu ando só,
está em momentos de muita luz e pouca paz.

Nas coisas de que eu fujo
nos medos que eu tenho...

De perder a inspiração
de ter câncer nas mãos
de não viver o suficiente
pra ganhar um epitáfio comovente...

Medo da poesia etária
de perder a praia
de desencantar e esquecer o pôr do sol,
de nunca mais cantar, acende o farol!

Medo de sentir que o fogo apagou
de nunca mais gritar gol!
Medo de não morar em ipanema
e morrer velho sem você de meu esquema.

Medo de tudo não ser como eu pensava
de ver o mundo me negar tudo que eu acreditava.
Tudo que eu tinha e não posso ter
tudo que eu quis mas não vou viver...

Um pouquinho de tudo que eu amei
me mata, todo dia!

Mata de saudades, de remorso,
de querer que fosse diferente
matam as vontades que tenho
e as que não tenho mais...

Matam porque eu morri quando deixei,
morri pra quem deixei pra trás...