segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nada

Já quis ser canalha
mas como dá trabalho eu esqueci...
Já quis me casar
mas constituir uma família ia ser o fim.

Já quis o amor de uma menina
e a decepção me fez pensar em estricnina.
Já quis ser poeta
mas me soou tão clichê que eu nem paguei pra ver...

Já quis dançar como Gene Kelly e Astaire
ser cafa como Sinatra
largar essa sina de ser vira-lata.

Já quis quebrar as pernas do amor de quem amei,
só eu sei, quantos crimes planejei...
Já quis decolar numa trip
numa noite junkie mix, mas não cheiro igual Hendrix.

Viver como Cazuza
Ser Jovem e Tremendão
Ficar velho e chato como Caetano
Tocar como Tom...

Fazer rock como os Mutantes
Emplacar hits como Lulu
Cantar como Jorge Ben
Ser imortal como Raul.

Eu já quis tantas coisas...
mas hoje eu deixo que me levem
eu vivo e só deixo pra depois.

O que não dói agora,
não pode me machucar mais...

Deixo sim, que tudo passe,
que tudo vá ficando pra trás.

Já quis surfar como Slater
driblar como Mané
Já quis ter as canelas soltas de Dekkers
pra escaldar os pangarés...

Já quis vestir a onze da canário
pra ser gigante como Romário...
(E não acabar no plenário.)

Já quis mulheres como Renato falou
uma pra cada gol... (do Pelé!)

Já quis largar os vícios
roubar uma placa na Vinícius...
(É, talvez eu tenha feito muito mais do que contei.)

Já quis atuar como Pacino
ser Brando como De Niro...
(Eu... já quis levar um tiro.)

Ou só não fazer nada
e me jogar da sacada...

Pra sujar a calçada
e dar cor a mais um dia sem graça.

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