segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Jockey

Hoje as luzes do jockey
acenderam de madrugada,
e eu lembrei da sua estada
junto aos sonhos mais puros do meu coração.

Vi de longe as nuvens baixas
num horizonte branco e cinza,
que lembravam os dias nublados
em que eu suplicava os seus cuidados.

Eu vi nas pedras molhadas
um rastro de dezembro...

Um dezembro há muito tempo,
num tempo que eu já nem lembro tanto assim,
mas que derramei em lágrimas, todo o pouco que sorri.

Hoje qualquer luz na minha vida
remete ao brilho dos teus olhos,
e traz pra perto o mel que era
caçar estrelas no céu das tuas costas,
só pra me acabar nas tuas covas
e entender que não tem nada assim tão bom pra mim lá fora.

Hoje eu quis te ver e não fiz nada do dia,
só pensei em te ligar, pra te encontrar,
pra te olhar falando e rindo,
contanto histórias sem parar...

Desarmando meu tédio,
servindo um banquete de remédios
pra aniquilar a solidão.

Por isso hoje qualquer luz na minha vida
me traz os teus olhos mel,
me traz saudade,
me tira o chão e o céu.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Oração

Senhor, o que eu te peço é simples,
quase nada. Te peço num verso
que me apareceu de madrugada,
é poesia mas nem sei rimar...

Senhor, quero três discos de Vinícius e um grande amor,
o mar bem calmo pra lavar a alma,
areia fina, o sol, e a sombra de uma amendoeira pra deitar.

Senhor, quero um imenso céu azul ou cinza.
E uma varanda com cadeira de balanço
pra poder chamar a vida de vida.

Senhor, dai me acerola bem no meu quintal,
uma duna branca no final de tarde,
um som que toque a bossa dentro d'água
e uma pá de amor pra dar...

E aí de cima por favor,
faça do meu lar um quartel general de paz,
filhos, netos, amores, quanto mais melhor.

Senhor, quero correr atrás de umas loirinhas,
cuidar da vida, lamber minhas crias,
dar uma prancha de presente pro moleque se acabar.

Senhor, o que te peço é simples,
mas é tudo. Proteja os meus, os teus,
proteja o mundo...

Porque eu ainda tenho muito o que viver aqui.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Vinte anos

Essa é outra noite dos seus olhos
dos seus novos vinte anos
e do meu velho "vem" e "te amo".

Eu não minto, mas sem motivo
afasto tudo que eu mais quero.
E que não por acaso,
hoje é o seu corpo perto,
o seu amor, calor, afeto...

Pra embaçar os vidros
e amassar os seus vestidos.

Pra ver de perto o seu medo,
sentir você morder meus ombros,
estremecer nos meus braços,
adormecer em escombros...

Essa é outra noite dos seus olhos
dos seus novos vinte anos
e do meu velho disparate
o bom e velho "vem, te amo."

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Dias perdidos

Mais um dia perdido
em uma noite com um céu de estrelas teimosas
que perto das quatro horas nem pensavam em se apagar.

Estrelas dobradas, refletidas nessa paz de água e sal,
mortas, vivas, lindas...

Jogando dúvidas nessa vida leviana sem igual,
nessas pistas molhadas,
nas leis e linhas escritas com sangue e lágrimas,
bordando as camas de gato pras os teus olhos embreagados,
pras os que vivem guiados pelos teus passos cadentes, atordoados.

Passos de uma vida nas madrugadas
que não possuem nenhuma nobreza.

De uma vida feita toda de descaso
jogada sem medo nas mesas...

Mesas sujas, envoltas em desacato,
nessas terras que já não possuem nenhuma realeza.

Essas são minhas lembranças,
coisas de um tempo em que todas as noites eram de rei
ainda que terminadas nas camas de tatame...

E que todo discurso por mais inteligente que fosse
tinha o mesmo valor de uma conversa com as paredes.

Dias perdidos com gosto,
por noites que tiveram outros encantos,
mostraram caminhos, mudaram pensamentos mesquinhos,
levaram pessoas que eu nunca imaginei vivendo longe, mas que deixei ir.

Trouxeram outras que agora são mais importantes
e revelaram depois de tanto tempo amores que eu nem pude sentir.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Mário Filho

Eis que a cidade amanhece
e como ainda em repouso, um ar leve paira.

O sol quente bate no asfalto liso das vias expressas
e as pressas não se vê ninguém nas ruas...

É domingo e o mar de nada importa,
é verão e o calor intenso não incomoda.

Pelas esquinas botecos com tvs nas quinas
cheias de quem fez do dia
o seu dia de viver.

Servidos, felizes, fardados, em crise...
vão todos pra depois do túnel,
onde não existem mais calçadas...

A rua lá é de quem anda,
de quem grita alto e canta,
de quem leva sua bandeira nos ombros...

Em dias assim o mundo não gira
o rio não deságua
é quente e não queima
chove e não molha
É dia de jogo...

Todos os caminhos levam ao templo,
levam aos tempos, dois, de quarenta e cinco.

É Vasco e Flamengo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Amor

Nunca falta verde nas palmeiras do Jardim
Nunca falta mar em Ipanema
Nunca serão muitas voltas na Lagoa
Nunca é ruim descer o Humaitá

Às vezes falta amor e só...

E é só.

Nunca faltam dias de sol no Rio
Nunca é muito frio
Nunca é feio quando chove
Nunca é tarde pra ir ver o sol se pôr no nove

Às vezes falta amor e só...

E é só.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Desculpa

Desculpa, mãe,
mas o que eu tenho pra dizer não é piada.
Já tem tempo que eu não sou
uma criança que não entende nada.

E se você quer saber,
eu aprendi um bocado com o mundo.

E ainda lembro de você dizer,
menino, cuidado com esses vagabundos.

Mãe, eu não sirvo pra muitas coisas,
mas ando figurando bem como um mau exemplo.

Mãe, eu até poderia ser diferente,
mas sou um ótimo mau elemento.

Rebelde sem causa, boa pinta, de olhos claros,
caçador de novatas, das meninas muito amadas...

Tratante de tudo que não é amor,
dom quixote de mil corações,
um poço de bondade, numa terra de más intenções.

Sempre pela sombra no sol forte,
caminhando nos dias de chuva atrás de sorte.

Um convicto missionário da exatidão do acaso,
um garoto com tato no ato de saber o que dizer,
de jogar as palavras como quer, pra iludir, só pra ter...

Mãe, eu sou um deles,
e nem é ruim assim...

Mãe, hoje tem mães,
que falam tudo isso de mim.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Menina mimada

Você anda tão descrente
com essa firmeza no olhar...

E é tão contraditória,
tão maluca, tão cheia de histórias...

Que eu mal consigo sentir pena,
quando te olho só vejo problemas,
eu vejo mil motivos pra ir embora e te esquecer.

Eu já nem sei o que é que resta pra amar em você, mas eu amo.
E o que dizem, não sei...

Vou deixar tua pele de onça por baixo da roupa,
não vou tirar o que lhe resta,
pra não te tornar o resto,
pra manter algum respeito e poder ir...

Emitir o nada consta
mesmo sabendo que esses peitos
estão sempre ao alcance por aí.

Você anda assim, por nada,
tão carente, tão jogada,
menina mimada...

E eu já nem vejo o que é que resta pra amar em você, mas eu amo.
E de tudo que dizem, não sei.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lua dela

Me enterro na tua lua
no barulho que a cidade não faz mais...
Eu vago pelas calçadas
observando atentamente a madrugada.

Com a camisa jogada nos ombros
e o peito roto de sempre em escombros,
detonado pelo seu medo de amar.

Recolhendo os meus pedaços
nas paisagens e na cor,
na chuva que molha o asfalto
no rio de delírios
daquele disco encontrado no baixo...

Lua, que ilumina as palmeiras na volta pelo jardim,
que clareia esse meu caminho longo e sozinho...

Lua, lua dela que me faz lembrar
de novo de tantos momentos...

E sonhar com seus olhos claros
e o jeitinho junkie rock'n'roll...

Sonhar com o frio do Rio,
no seu tempo todo poesia...

Sonhar com cama noite e dia
e muito mais amor.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Te ter

Sem te ter é como se não existisse nada além
e o vento na janela hoje só diz
que nada tem pra mim lá fora.

O mundo agora é tão cinza
e triste é todo fim de filme
em que eu preciso voltar a viver...

Triste mesmo é todo dia acordar
pensando te esquecer.

Levantar e firmar os pés nessa terra estranha,
onde a sua voz não está por perto,
e o seu amor distante torna a vida tão tacanha.

Sem te ter não faz sentido,
nem sei por que ainda me dão ouvidos.

Eu me sinto tão invisível,
é como se eu não existisse assim,
vivendo sem você toda pra mim.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

É pra durar

Quando não há quem me lembre
alguém que diga "a vida é doce".

Eu fico assim, contando segundos,
vagando domado entre os minutos,
de hora em hora pensando em me cortar...

Que é pra ver se você nota
o vermelho do meu sangue na parede
e mata essa minha sede de atenção...

Só pra ver se existem mesmo
as sete vidas que você cantou,
ver se ainda habita nos cantos
um pouco de todo aquele amor que você levou.

É inacreditável como a distância me envenena,
e me da nas pernas um cansaço
ao ver-te por engano em cenas de cinema.

Mas eu sigo batendo o pé sem nem sentir,
dando voltas em Ipanema sem sair do lugar,
olhando pra sua varanda,
rezando pra o acaso conspirar...

Que é pra ver se você nota
um perdido pelas ruas altas horas.

Que é pra ver se você entende
que se gente é pra brilhar
a gente é pra durar e ser feliz.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eterno outubro

É outubro o primeiro dia de novembro,
seus versos berram no barulho que faz o vento
e a noite nem se vai com o sol...

Nada me incomoda, eu até tenho o que fazer,
mas vou dormir, nada me tira daqui.

A não ser que o telefone toque
e seu nome apareça no celular.

A não ser que você bata na porta
e com a sua voz terna peça para entrar.

É outubro esse primeiro dia de novembro,
e essa é mais uma noite que eu viro por que só penso em você,
é mais um dia pra conta dos dias que eu não consigo te esquecer.

Mas nada me incomoda, eu tenho o que fazer,
preciso reler sua mania de aquarela
e rir desse seu jeito tão naïve de dizer que a vida é bela,
de sorrir de longe como quem ama a capella...

Ainda é outubro por que eu não dormi.

Ainda não vivo por que não te vi.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hippie chic

Sei que não é de minha alçada
mas não aceito ser largado aqui assim por nada.
Nesse tempo sem som e com cor demais
mas sem a areia branca e a paz que nos valia,
sem o piano e a rima boba só pra por o amor em dia.

Sinto tão perto o taco arranhado
e o barulho que o salto fazia...
Sinto que a pinta do teu lado esquerdo da boca
e a voz rouca nunca estiveram longe de verdade.

Mas há de se entender, já disse uma vez,
é preciso reportar toda essa felicidade...

Detalhar os nossos dias, repartir toda dor
e dizer que é assim que a vida faz todo sentido.

Que a casa com o seu cheiro e o toque hippie chic
é o que mantém vivo o meu coração ferido
é o que esfria e acalma esse meu sangue latino...

E me entrega algum norte na bandeja,
pra que eu viva os dias quentes e frios
desses tempos de necessária solidão,
em que o mar e o amar estão distantes demais
e que o mundo todo é pouco pra nós dois.

Dias como esse em que esbarro num santo delírio
e penso alto, digo que te coloco um filho no ventre.

Te falo de amor, sonego qualquer dor,
desejo longe tudo que mal faz e todo o mal que fiz.

Só pra esquecer, clarear as idéias,
escrever tudo diferente,
viver só do que faz bem daqui pra frente.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não presto

É certo que eu não presto
e disso eu já não corro.

Não mato, nem morro,
só não presto.

E de resto...

Sou fogo de palha,
sou mais do que dizem
e menos do que deveria.

Sou meio cachorro, meio criança
meio sem rumo, vivendo de andança.

Não gosto, nem olho,
se amo, me jogo.

Sou sete, setenta,
amando e fugindo de tudo.

Meio tarado, meio largado,
vivendo só do que tenho pra dizer.

E de resto...

Não tenho do que reclamar, a vida é tão bacana,
e o mundo sempre tão lindo aqui do alto da minha cama.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Imagem do dia!


Ninguém entende

Outro dia me disseram
que eu não amava ninguém
e eu tive que rir, neguei, meio sem graça...

Mas comigo pensei...

Não amo mesmo, eu acho.

Por que eu olho em volta
e por mais difícil que seja entender essa quimera...
Eu só vejo morte lenta, tempo correndo,
gente que morre e anda, gente que anda e morre.

Por que ultimamente nada tem tido muita graça.
Eu vejo filmes antigos e acho uma farsa,
atores, atrizes, figurantes, passantes,
todos estão... Mortos!

E eu... tenho vivido em conflito,
principalmente com o dia... mas não um dia qualquer.

São todos eles!
Os de sol e os de chuva,
de calor e frio.

É, eu não amo ninguém mesmo... Eu acho.

E o porque? Não sei.

Mas ando preferindo um tiro na têmpora do que um pôr do sol no arpoador.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Satisfação

Sinto que lhe devo uma satisfação
e não é difícil...

É que eu não sinto mais nada por você
e acho que não sei dizer outra coisa que seja verdade, além de adeus.

E olha que nem faz tanto tempo assim,
eu não enxergava um palmo além de nós.

O mundo pararia e eu só notaria se ficasse sem você,
se algo me impedisse de te ver.

Quantas vezes te queria de longe
e tinha vontade só de admirar...

Acordava e te olhava dormindo,
eu quase tinha medo de estar morto,
de estar perdido no paraíso, no céu em algum lugar.

Mas hoje de repente eu me peguei pensando em andar sozinho.

Eu estava longe
com um olhar mais claro e leve,
feliz, sem notar o quanto a vida é breve...

Chutando folhas, falando coisas sem procurar um sentido,
largado e longe do mar, de baixo de um céu cinza,
num lugar mais real, com uma vida mais terna
e bem longe de todas as nossas mentiras.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pobre menina rica

Pobre de mim que sou eu e mais nada,
pobre de quem nunca fui...

Pobre de nós que nem acontecemos,
pobres seremos sem amor.

Vivendo essa falta de glória,
morrendo por nada,
sorrindo e ganhando centavos por hora.

Num tempo preto e branco
em plena era digital,
tocando os anos oitenta
no seu novo som surround.

Pobres são os sentimentos
nesse vazio século vinte e um.

Pobres aqueles que aceitam,
os que vivem pra ser mais um...

Pobre, é toda essa falta de vida.
Pobre mesmo às vezes é a menina rica.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cardeal

Curto quartas longas,
daquelas que se passa inerte no frio do quarto.
Sem horas pra ganhar ou perder, sem saber se parto ou não,
se te peço mais um beijo ou te deixo ir com a razão.

Porque esse tempo que se perde feliz
não é um tempo perdido, então me diz...
Fica comigo aqui?

Desfrutando do tempo em brasa,
no ar de dez ou desfilando pela casa,
só sentindo o ópio queimar...

Sem suar, mas sentindo o sal,
porque ás três horas da tarde
o sol arde feito o peito de um cardeal.

Longas são essas nossas manhãs da côrte
que duram pouco mais de uma eternidade.
E o sono solto, farto,
que vem do leito de um vira-lata,
não mata o que já é amor...

Só nos envenena de preguiça e de vida,
pra ser vivida na cara dura, sem vergonha alguma.
E é isso que assina embaixo
de todas as minhas composições.

Meu bem, nada disso é meu,
são só frutos dessas horas de paz...

Em que eu deixo que falem por mim,
em que eu deixo que a pureza da ausência do mundo fale por nós.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Passos leves

Todo o fim de noite em domingos febris,
toca feito alarme aquele silêncio desalmado.

E aí, me vem mil palavras,
mil escolhas, incontáveis novos jeitos de errar,
cantar outros tristes fins, destrambelhar pelos papéis
as narrativas de noites perdidas
em que os olhos molhavam sem antes amar.

Dizer tudo sem desvios, rir pra não chorar
dos desatinos que vivi e já nem lembro mais...

Apago, esvazio o meu peito, esmoreço
debruçado feito um velho cansado,
permaneço inerte, sem motivos pra me levantar.

Até que me lembro de você...
e nessas trevas totais, um rompante de alegria
da luz a um céu até então escuro e sem graça.

Um sorriso de canto agora da lugar
ao canto triste que eu tinha pra jogar num papel qualquer.

Não me importo tanto assim...
e nem lembro de haver orgulho do lado de lá do meu coração.

Te aceito de novo, não tenho do que reclamar,
me conformo com uma noite e o que mais vier,
pode ser tudo como era, como você quiser...

É bom te ter assim pra me fazer de gato e sapato,
pra amar feito louca e depois deixar de lado.

Repetir sempre as mesmas falas falsas
só enquanto ainda não há sol no céu,
vomitando seus números ensaiados e bordões,
prevendo todas as reações...

E não erra sequer uma deixa, um ato,
me dobra e sai ao primeiro sinal de céu azul.
Deixando a cena com olhos de fuga
e a mesma infalível devassidão nos passos leves.

E eu? Nem me importo tanto assim.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Veja bem

Olha só, veja bem...
tome cuidado com esses olhos,
não deixe que molhem.

Não vá me confundir com qualquer um,
não vou fingir...

Não fique pensando que eu sou seu.

Amor, só sirvo assim...
de letra tiro o seu tédio,
e num estalo eu arrumo remédios
pra nossa poética solidão.

Posso até ser bom partido, passo cheque, assino embaixo,
mas só faço tudo isso por mais um sorriso descarado...

E paro!

Faço por mais de você, mais desse amor
mais desse descompromisso, desse descompasso...

E paro!

domingo, 21 de outubro de 2012

Insones

Insones vivem sonhos,
e morrem loucos,
sem um mundo pra se instalar.

Donos de toda inquietude do planeta,
eles querem a palavra,
querem tudo que puderem carregar.

Batam, me botem pra dormir,
calmantes não me dopam,
meninas não me acalmam,
o amor não me entorpece,
o amor nem passa muito perto por aqui.

Chorem, despetalem desespero,
molhem todo o chão com flor de sal.

Nessa terra não há dia e nem noite,
não há vida, nem morte,
natal, nem carnaval,
nada é importante demais.

Esse novo mundo é uma ode a poesia democrática,
e a chegada trágica da burrice nas estantes e ouvidos.

Na falta de amor dos passantes que surdos são ninguém
e que mudos nem me parecem tão ruins.

Vamos, derramem todo o velho ouro de tolo,
nesse novo ouro preto de comendas,
que é pra ver se alguém aguenta a verdade assim de perto.

Insones vivem sonhos
e morrem loucos, aos poucos.

De olhos pregados no céu
procurando estrelas mortas pra pedir,
pra silenciar um desejo qualquer,
sem querer demais.

Só pra poder falar,
gritar bem alto...

Pra entender se ainda há amor por aí.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O que a gente sonhou

Me cura, me jura,
diz que vai ser tudo sempre fácil assim.

Me acorda e me beija
quando eu não quiser viver só por mim.

As tuas vontades me movem,
seus erros, seus cabelos pretos, seus olhos.

E a pálida pele
que pelas noites aquecemos ao rubro,
só pra esquecermos do mundo...
já que temos muito ainda o que fazer.

Estacar essa nossa zona
pra fazer filhos aos montes.

E depois de velho ir morar nos montes
de frente as palmeiras centenárias do nosso jardim.

Quero ver teu riso bobo
depois dos cinquenta e pouco,
podendo contar que isso
é tudo que a gente sonhou.

Que tudo isso é um sonho
que a gente viveu.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Medo de amar

Pensei em ser feliz e me lembrei de você,
do medo que eu tinha, tenho e vivo,
de te amar e escurecer...

E em cada momento só
numa dessas noites como a de hoje.

Uma dessas de domingo
ou de quarta feira bem cinza...
uma dessas que podia ser só nossa,
minha, tua e de mais ninguém.

É só nisso que eu penso,
estar, viver, pensar sempre por dois
estando junto de você...

E é assim que eu me perco dentro de mim mesmo,
e acabo procurando rosas pela cidade pra te dar.

Acabo dando voltas e mais voltas
e voltando sem levar...

Estúpido? Criança? Burro?

Não...

Existe até um sentimento nobre pra se cantar,
a todo momento paira esse medo.

É, tudo isso é só medo.
Medo de amar.

Flor

Ela tem nome de flor
mas não respira mais o amor.

Não se sabe se por medo
ou só vertigem.

Não se entende o que ela diz
mas é feliz e vive assim...

A perambular por corações
do quinto dos infernos ao sétimo céu.

Acabando com o inverno
armando o seu escarcéu...

Nas areias do leblon,
rindo, negando o tal futuro bom.

Ela tem nome de flor
mas vive só...

Ela tem tanto amor pra dar
que nada pode ser melhor.

sábado, 13 de outubro de 2012

Por nada

Pra sempre de repente é um tempo
nem tão distante de onde habito...

Escolhas por toda parte,
mentiras, chuvas de verdades,
em lugares que nada pode me tirar do rumo.

O mundo é menos cruel
do que dizem por aí...

E tudo é tão mais fácil
do que eu vejo.

E aí, o pra sempre,
apesar de você viver diferente,
de repente é um tempo conturbado.

Um momento feito das escolhas,
das tristezas e risadas...

Pra sempre é tão perto e longe
que eu prefiro viver feliz por nada.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ponto fraco

Pequena, o que cê ouve?
Me diz se te faz feliz...
Esse balanço é tão a gente
é tudo que eu sempre quis.

Então solta o Tom na caixa e não abaixa, amor...
que a luz do sol já vem, levando a luz do redentor.

Vê se não enche e ganhe logo as ruas,
siga com o seu sotaque roto, morto
e o anel que eu te dei...

Lembre que hoje a noite é só meia lua inteira pra nós
e que não há voz que cante "nós" tão bem.

Também não há quem grite melhor...
quem conte assim os nossos únicos bens.

Os passos na lua deserta e as noites perdidas de alá,
você no meu baixo posando de star.
Trincada por aí, pisando torto no salto
pensando alto, cheia de irmãos...

E eu, largado no mundo...
vi que a menina mimada nem se parecia com todo mundo.

Comprei essa briga, te disse: me chama, me liga!
E em pouco, com os olhos eu já me entregava,
eu já não negava o meu ponto fraco.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Não vivo mais

Hoje fecho estes portões,
que pra você viveram abertos.

Hoje eu nego a tua volta,
por que me fecho aos teus incertos sentimentos.

O inverno do meu peito não sai mais,
e por que haveria de sair, também?

Meu bem, não há mais nada importante pra dizer...

Eu só queria que soubesses,
eu só queria que entendesses...

Que se vivo triste é por que quero,
por que sonego no meu particular
o seu existir, o seu andar, o seu amor, o seu...

Meu bem, já fui, já vou...

Não vivo mais, não vivo mais...  Não vivo mais.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sem acordar

À noite, às vezes sinto falta
daquelas rosas roubadas dos meus sonhos de paz...
e queria eu não ter vivido nada,
queria poder dormir, só dormir sem sonhar.

Sem acordar nesse instante perturbador,
no momento desarmônico e túrbido
que passa minha vida e cada célula do meu corpo...

Que estaciona e faz birra feito criança,
parada e presa nesse tempo burro,
nessa história morta, toda escrita em livros sem capa,
em folhas de nada, em coisas queimadas, molhadas de lágrimas.

Há noites, em que às vezes
eu só sinto falta de poder dormir sem sonhar
pra não te ver nem por acidente...

E outras em que o mais profundo e puro desejo
é pecado, perversão...

É dormir sem acordar
pra não viver nem mais um dia sem te desejar em vão.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Peitos

Não há nada a se fazer a respeito,
sim, os seus peitos continuam lindos.
Mas eu não sou mais um menino
e me lembro bem do que passei nos teus domínios.

Me conquistou na palavra fácil,
nos olhos rasgados brilhando felizes,
maluca, perdida, de fuga, de rua
menina que surra, essa é de se recordar.

Não me olhe assim de lado
e nem relembre com esses papos mandados
aqueles amassos bem dados, eu to vacinado.
Pra que eu vou reviver o que já nasceu errado?

Essa sua carinha de menina,
não me engana mais,
não me faz esquecer das tuas fintas...

E essa tua nova fase, não me convence
não compra a confiança vendida.

Vai a luta, me esquece
só me procure em outra vida.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Perguntas

Noite e dia movido pelo sentimento egoísta
de te ter de qualquer jeito...
de não querer saber se tudo vai bem sem mim.

Não, eu não aceito nada disso fácil...
e por incrível que pareça,
o que é difícil hoje não me assusta,
preciso de você de novo, de qualquer jeito!

Umas vezes pra matar saudade,
uns beijos pra querer pra sempre...

E pra sempre; pode ser?

To te amando demais tem uns anos,
e são só vinte anos...
mas nada diminúi esse vazio,
essa falta que não pode ser largada.

Todos duvidam, desdenham,
dão risada da minha juventude,
dizem que passa, que acaba, que é fase,
e no futuro só vou rir...

Mas e se eu não quiser,
e se eu remoer pra sempre isso?

E se eu pensar em suicídio
toda vez que te ver por aí?

Quando é que vai ser real, será que vai?
Será que passa antes? E você, vai chorar?
Será que sente falta do que já nem queria mais?

E quando você casar, como vai ser?
Será que vai me convidar?
Será que ainda vai lembrar?

Um pouco que seja,
será que os seus olhos vão brilhar?

Será que um dia
os meus olhos vão brilhar sem te ver?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Marra de cafa

Eu não sei se você sabe
mas queria te dizer...

Aliás, eu nem queria falar
eu queria te calar
te calar com um beijo meu.

Por que daqui a alguns dias
eu vou ser só mais um babaca
que conseguiu o que queria
e parou de se dobrar...

Eu não vou falar do seu sorriso
nem dizer como os seus olhos hoje estão lindos.

Não vou ligar durante o dia
nem lembrar muito de você...
Não vou aturar suas viagens
e só vou ter olhos para sacanagem.

Por que eu não sei se você sabe
mas eu sou só mais um canalha
me compre se quiser, me ame se quiser também...

Eu não vou gostar dos seus amigos
nem falar de família e filhos.
Também não ligue se eu trocar os nomes sem querer.

Eu não vou falar mais das tuas marcas,
nem do teu rebolado bronzeado,
vou te trocar sempre pelo futebol.
Eu só vou querer beijar onde não bate sol.

Eu vou brigar na sexta feira,
sumir e voltar só pra te usar domingo a noite inteira...

Por que eu não sei se você sabe
mas eu sou só mais um metido a cafa
me compre se quiser, me ame se quiser também.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Excêntrico

Eu tenho estado meio perturbado,
é, por mim mesmo e só...

Tem sido meio normal falar umas barbaridades,
e também venho tendo uns pensamentos estranhos.

Dia desses acordei procurando testes pra teatro,
já pensando em acabar numa faculdade de cinema,
e arrumar uma ponta naquele filme que você provavelmente um dia vai estar.

Daí pensei em mostrar competência,
ser bom, bonito e barato...
No caráter, cachê e por que não na cama, né?
Desde os teus tempos dignidade nunca foi o meu forte.

Mas voltando ao filme...

Sim, queria impressionar!
Não necessáriamente pelo talento,
só fazer parte de qualquer jeito,
só fazer par e te ver ali, pronta pra mim...

E aí, eu antes diria...

- É, quanto tempo, né... qual é o seu nome mesmo?

E então... Todo o depois, seria uma grande encenação,
você dali em diante seria uma outra qualquer, só porque eu disse.

Pelo poder das palavras
e pelo meu talento de canalha,
nada doeria viver daquele momento em diante,
em cartaz, num show por mim e para mim.

Pelo simples fato de que o fardo de fingir
é menor do que sofrer a sua falta nos meus sonhos de sempre.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Parque Lage

Ela caminha nos meus sonhos
como quem vai pisando em nuvens.
Leve, como leve pluma
Muito leve leve voa!

Noites atrás eu vivi na pele
um medo louco de te dividir com alguém.

E louco que sou...
acordei e senti ciúmes de uma foto de nós dois,
como se não fosse eu
e nada fosse mais como deveria ser.

Nisso eu quase me rendi
só pra não ter que levantar
mas tive uma ponta de vontade de viver
e saí...

Caminhando nos seus sonhos,
descalço nos cacos das coisas quebradas
nas cenas das nossas brigas.

E então eu respirei bem fundo
e enchi o pulmão rumo ao nosso portal
ao nosso mundo verde lindo, de ares leves,
uma Lage de amor breve, nesse mar de mato e asfalto craudeado
que sem mágoa da longa ausência, ainda estava toda igual.

As pedras, os bichos, as plantas
as mesmas paredes pixadas...

E eu ia, eu ria vagando de olhos felizes,
porque mesmo pela madrugada...
Eu quase que te ouvia narrando os meus deslizes.

E lembrava de você por toda volta
cambaleante, escorada nos meus ombros falando besteiras.
Prometendo praia enquanto quase dormia,
prometendo chuva se só eu te bastasse naquele dia.

E eu? Eu ia, eu ria...
De encontro ao lustre e ao eco,
de certo em direção ao nosso "american" teto preto de cada noite.
Que zelava pelo sono paranóico e pouco sereno
de dois que não valiam meio
dois quase mortos de amor e riso.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Combina

O dia fica lindo
quando as nossas horas combinam,
e de repente é tão mais fácil
achar que vai tudo muito bem...

Toda aquela história,
aquela pose incontrolável de bacana.

A vida boa...

E no inverno quente,
o vento frio do nosso lado da Lagoa.

O dia fica lindo
quando você tem tempo pra mim.
Menina eu sou tão seu
que eu já me perco andando sozinho.

Sinto falta da tua cama
e do teu jeito frio de sorrir.
De acordar feliz dormindo pouco,
de perder a hora do teu lado
e passar os domingos rouco...

Só pensando em todo o desconsolo
que é a semana sem te ver.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Empório

Foi numa noite no Empório
que ela disse que me queria
e jurou por sete felinas vidas
que eu era o amor de todas elas
e que só sabia ser minha...

Um pouco estranho pra um amor de meia noite
e no entanto foi um enrosco, bela-noite!

Mas quando o sol já queimava no céu
foi uma cena, uma tragicomédia cruel...
Me pediu um dinheiro pro taxi
e uma ajuda de custo pra fazer manutenção.

Atendeu o telefone com outro nome
e fez um bye bye de longe
como se tivesse trocado de coração.

Era da vida e tão menina e já perdida,
loira daquela quase branca, de olhar fatal
com um jeitinho meio junkie coisa e tal...

Era Karina, era Maria, era Joana,
era Renata, Daniela, era só Anna...

Ela era todas elas
e eu era mais um...

Falava bem, sorria bem, fazia línguas
filha da PUC e do meu baixo,
nascida do lado de cá...
Do lado que fecha com certo,
da zona que fecha com o mar.

Era Malú, era Marcella, Juliana
era Marina, era Thaíssa, era Fernanda.

Ela era todas elas
E era tão linda, tão linda que nem sabia.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

De Moraes

Há tempos que eu vivo com medo de morrer
medo de ir de repente
sem poder dizer que fiz parte, que escrevi o nome ali...

Sem poder dizer que chorei tudo que chorei
pra no final poder sorrir...

Ou que amei tudo que amei,
pra no final poder viver do que colhi.
Louvando tudo aquilo que não se pode esquecer
o que vivi e o que tenho pra viver...

O pedantismo bar a dentro
o "xis" demais largado na palavra quase sempre embreagada e ao vento
o riso doce já sem nenhuma mágoa...


E o abraço amigo de alguma das que amei,
abraço que nunca quis,
não quero, nem hei de querer...

Porque é muito pouco pro que sou
e muito pouco pro que é alguém que eu tive pra mim.

Mas não há nada que não se supere com uma garrafa
seja no copo ou de encontro a cara.
Tudo se resolve com o nosso corriqueiro marrentismo coloquial
que deixa tudo jogado no ar, sem pressa
largado num vendaval de lembranças, turbilhão de emoções...

Choradas no penoso amor demais, vívidas no samba e canção,
na trilha óbvia que é a bossa já não tão nova, e linda, e viva.
Numa já não tão ecantadora montenegro e nascimento silva.

Mas há ainda nesse meio perdido,

os que vivem desse amor e dessa dor.
Desse clichê de sentimentos e rimas batidas
que bateram e ainda batem nos passos cantados
de caês e coschi, lobos e cajus

dorís, tons, tocos, lyras, badens e dindis.

Velhos reis de um tempo bom
que de viéis cantaram esse amor...

Cantaram as meninas e todo o azul,
versaram primaveras de pés na areia.

Cantaram e transformaram toda a cor,
mais ainda, deram nome a vida!

Deram vida a um tempo lindo e de vícios imorais,
vivos vícios que admiro e verso
embora infelizmente não tenha esse talento de poeta
como um certo "De Moraes".

sábado, 25 de agosto de 2012

Conspiração

O teu feitio esguio
e a pele branca de tanto amar
os teus passos coloridos
e as curvas tagarelas
que disseram tanto dos teus erros
tanto do teu andar de fera...

Olhinhos de doce mel
que adoçam esse mar de amor
de marcas pelo corpo
de noites a perder
de tempo que escapa pelas mãos
e não há o que fazer.

São coisas que não se podem explicar
são almas que se batem
se encontram sem querer
são histórias que ninguém contou
mas que é tão bom poder lembrar e dizer...

Que ainda te vejo como há uns três anos atrás
de vestido branco, com aquele sorriso descarado
parada me esperando, sem pressa
e com tanta ternura nos olhos.

São coisas que não há como explicar,
são forças que nos unem.

Conspiram por aí pra a gente se esbarrar.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quase sempre

Eu quase sempre te quero
e quando não quero
eu quase que não me sou.

Eu me perco nos pensamentos
dos dias que disse fui e não vou
de tudo que eu não fiz e podia ter feito por esse amor.

Eu quase sempre te quero,
e já disse que te espero sempre pra sonhar.

Mas você não me basta em nuvens.
Você só me faz feliz assim de perto,
bem de perto e em domingos febrís.

De tempo em tempo, cama em cama,
viciosamente das escadas pro sofá.
Com a cumplicidade no sorriso branco, lindo,
pra lá e pra cá...

Sem marra, despida, jogada na lua
mandante e refém do medo de amar.
Mas sempre quente, muito quente,
fazendo planos pra qualquer dia, em qualquer lugar.

E não se explica,
nada disso tem um por que...
e nem precisa.

Eu faço isso por que sou...

eu.

Você faz isso por que é...

você.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Descontrolado

Domingo chove,
domingo é noite em mim o dia inteiro.

É dopamina regulando,
é desespero...

As sombras habitam tudo que é meu,
tomam todo esse lugar, não há nada vivo demais aqui que me traga um sorriso
e isso nem é trágico...

Domingo é tristeza pulsando a milhas por hora
no pulso que inteiro não corta a minha onda
e só me assombra com um futuro de, sei lá, cinquenta anos a mais.

E então eu insisto nesse jogo
desisto do adeus, jogo isso a sério
e não pela ultima vez, aposto alto,
é como um vício...

Por que é lindo ver esse teu sorriso que de repente me encaixa
nesse quebra cabeça triste de concreto e asfalto,
e tempo, e preocupações, e bordões demais, e amor de menos...

E os sonhos que antes eram tudo,
os sonhos que me tiravam os pés da areia...

Hoje sussurram a felicidade
num ritmo que o mar invejaria.

Por isso eu corro atrás, eu quero mais
por que não é novidade,
não é brincadeira... Nunca foi!

Eu to viciado em você,
to vidrado no teu movimento.

Eu to perdido ignorando outros tantos corpos celestiais
que me cruzam, machucam, me deixam tarado
nesse mundo fútil, lindo, de belas cadelas de marca e marcas de sol...

De tatuagens que ninguém acharia se não fossem tão fáceis,
não fossem tão ágeis no seu instinto louco, autodestrutivo de caçar.

Caçar e atirar sem querer, por lapso, no amor!
O amor, logo o amor que nada fez.

E agora, por esse trágico vício nosso de ignorar o amor ferido.
O mundo é mais triste e sombrio.

O mundo de repente é domingo demais pra viver.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sintomas

Eu perdi meu tempo assim, vagando...
perdido demais pra querer alguma coisa,
louco demais pra pensar em uma por vez.

Descendo pelo asfalto, ouvindo coisas,
nas madrugadas tentando não ligar pelo celular
ou pro que vão falar amanhã de manhã.

Tanto faz, só não me peça pra dizer por aí
que nós não fomos nada demais...

Porque depois da meia noite
eu pertenço de novo a você.

E todo final de tarde voltando da praia,
eu vou pra casa tentando te esquecer.

Independe da dose,
do cansaço ou da depressão...

Terça, quarta
sábado, domingo
inverno ou verão

Você me mata assim de longe,
me revigora a cada aparição.
Loira, esse tipo de loucura não é minha
são os sintomas da tua falta, é solidão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Harmonioso silêncio

Harmonioso é o silêncio que corta os ouvidos,
que canta canções só à dois, só nós dois,
eu e ela, e um céu sem fim no mar,
parecem nuvens brancas, mas são ondas...

E batem na lua deserta, em meio ao caos,
desses precipícios sociais...
E os tais, nas suas coberturas
cobrem mundos,
mundos mudos falsos leblons.

Ao som do silêncio da manhã,
em meio a tantos ideais perdidos,
tantos choros, tantos risos...

Eu me afogo numa xícara de café,
e sujo as mãos com o sangue capital do jornal.

Que mal...
Que mal tem?

Mal nenhum...
"Mal nenhum a não ser a mim mesmo"

Mas o silêncio me trai de repente,
num grito insano e ruim...

E era só mais um, mais um qualquer do meu lado,
que queria deixar de amar, deixar de sonhar.

Pra escrever um final feliz, 
uma história real...

Sem mal nenhum nas calçadas 
e mesas de bar
nas pilastras 
e pedras redondas 
esculpidas pelo mar.

Sem mal nenhum...
nos canudos, 
tirinhos 
e sedas queimadas
nas viagens 
e nas dores todas anestesiadas 
e esculpidas pelo amor.

Feito poeta, eu vivo vivendo milagres,
iluminado, levitando entre os espaços
cantando os desmaios, 
os deslizes de Deus...

Orvalhos, ensaios simples,
onda pros que veem e não sabem
da beleza que canta por si.

Menor esforço,
só ando torto pra enxergar melhor o mundo.

Só vivo torto por aí
pra que me chamem de vagabundo.

Menor esforço,
eu vivo assim sem cessar, 
sem negar um só verso
ao mais simples deslize 
que é uma lágrima de flor.

Não é orvalho, nem ato falho,
é a tristeza de um lugar ao sol 
com tanta sombra por aí.

E de encontro a outros e outras,
em passos cordiais e sem valor,
eu vivo só de esmola,
vivo feito um beija flor.

Esse é o meu mundo, 
meu mundo mudo.

Cruel... feliz.

Esse é o meu jeito, 
meu jeito tolo.

Não ver defeitos
e pesar os olhos pra quem não me faz feliz.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

É poesia

Você é poesia de rebento
só invenção...

Poesia de vontade
pura, sem nada demais pra contar.

Só tenho aquilo que grita no teu corpo
e no teu rosto pra dizer...

Só tenho pra falar da magia
da pele branca, linda
da histeria dos teus traços caprichados
do contento de outros tempos inconcebível
de te cantar sem nunca te ter nas mãos.

Gata garota
de sorriso rasgado
de manias bonitas
da elegância do trajar

Do nome gostoso
nome também de outras paixões
e dos conselhos já lidos
em livros de outros verões.

Você é poesia
sem verso e sem prosa

É poesia de vaidade
da vadiagem de outrora
de deixar como estar
de viver pra levar e ser feliz.

Você é poesia de curva,
é poesia gostosa.
De pintas, de marcas,
de tantas faces, covinhas e riso.

É poesia de noite,
de chuva pra se dançar.
Do olhar de amor,
do olhar de matar.

É poesia de dia,
de horas rolando na cama.
Do calor da lua queimando na areia,
do mundo parando pra te olhar...

E do mundo parando pra rir
ao me ver dizendo que nem quero tanto assim,
que nem vi, dizendo da boca pra fora que já não estou nem aí.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Imagem do dia!

Homenagem de Fuça livro (www.facebook.com/Fucalivro) ao super bacana Caetano Veloso pelos 70 anos completados nesta terça feira 7 de agosto.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Amor, amor

É tão bom respirar esse tempo morto
e nessas semanas de sol quente,
esbarrar na sua sombra, por aí...

É bom te ver "de vez em nunca"
naquele vestido verde encantado
todo pintado pelos meus olhares.
E seguir os seus passos largos
seguros, firmes, lindos, tristes.

Amor, amor...
o que há nesses olhos, há quem diga:
não é feito de coisas boas.
Falta inocência e tato,
falta a paz de um tempo pleno,
falta o calor dos meus abraços.

Ande, ande sim... Pode andar!
Mas não deixe de olhar pra trás,
e me espere sempre pra sonhar.

Também não esqueça, não apague
não disfarce um só momento...
Eu te quero sempre sem máscaras,
sem mágicas pro mundo parecer um lugar melhor.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Portugofilosófico

As rosas secam nas paginas amareladas
dos seus versos preferidos...

E aqui de cima das pedras hoje eu vejo que as areias
estão mais brancas que o normal,
e as minhas lusitanas na canela,
gritam a saudade de um outro carnaval...

Porque ainda que ela respire longe e viva outros ares,
ainda que ela só pise leve por aqui pra eu não notar,
os cantos dessa casa e as ruas desse lugar
guardam aqueles passos,
guardam esses rastros que não me pertencem,
e que só me enchem de saudades.

São pontos pra ninguém botar defeito,
coisas tomadas e deixadas por pressa e despeito,
objetos largados que só fazem o efeito contrário,
são lembranças dos tempos de rei,
são os dias de sumiço riscados no quarto.

E mesmo que brindado com esta conformada forma de viver,
com esse jeito omisso, pacato,
de aceitar e pronto,
de levar a vida, ser feliz e ponto...

Não há nada nesse mundo que me assuste mais
do que não poder contar e cantar
o meu tropeço nos sonhos dela...

Nada que me assuste mais do que ver os anos
jogando outras cartas no baralho,
me tratando de otário e sumindo com tudo que eu amei.

Esmerilhando as dores mais lindas,
jogando no sol pra curtir,
fazendo elas acreditarem que vão se dissolvendo sem peso na alma,
amalgamando o sofrer do amar em vida e corpo,
em dor que bate... coração!

Pulsando a mais viva forma de se sentir a paz,
jogando nas veias com o sangue pra se dissipar,
trancando nos cantos do corpo os desejos
e as lembranças que não se devem fazer lembrar.

Sim, essas são as minhas ilhas de paz!

Guardadas com algum medo, só pra ainda me manter refém,
em forma de um arquipélago de desastres póstumos,
vigiado pelos dois mil cavalos calados de sempre,
e tomado nas margens pelas águas choradas,
e as caravelas roubadas de todo o meu lamento portugofilosófico.

Imagem do dia!


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Amor simplista

De novo eu quis viver
pra ser o déspota do seu corpo,
para mentir pra mim
e fugir do que eu mais queria...

Amor simplista, de sim e de não,
sem porém, sem porquê, sem talvez,
eu quis você de novo,
eu quis mais uma vez.

Pra um breve replay, sem dublês de corpo,
sem medo de trocar os nomes sem querer...

E poder viver daquelas vivas noites saturnais,
dos dias mortos de frio derramado nos lençóis,
de vida sem preocupações,
de amor, até nas sempre más intenções.

De novo eu quis viver
pra ser só seu e de mais ninguém,
pra botar estacas nessa zona nossa,
e fazer valer a vida de bossa
que tanto gostamos de cantar...

Amar e levantar todos os dias da cama
para entoar a trilha óbvia,
que mesmo no inverno dos seus olhos
ainda pode me fazer amar a vida inteira,
aquecendo todo o desejo
no inferno à dois dos nossos corpos.

Amor simplista, de sim e de não,
sem porém, sem porquê, sem talvez, sem medo,
eu te quero pra sempre,
te quero muito mais que uma vez.

Amor é dor e fim

Não sei o que se passa em mim
o que é de dentro e dói
o que é de fora e faz meus olhos serem mar em fuga constante.

Eu já não entendo mais
e não sei quanto vale o preço dessa paz
não sei se há amor que pague
ou algo que apague esses romances tão carnais.

Homem chora!
E nobre é o que consegue amar assim.

O clichê é fato, é veraz.
Amor é dor e é bonito mesmo quando dói em mim.

Eu já nem procuro entender,
é crueldade perambular por ai querendo esconder.
As minhas lágrimas não descem no escuro,
eu preciso da sua luz, dos teus segredos
eu preciso da tua voz, dos teus olhos negros.

Homem chora!
E nobre é o que consegue amar assim.

O clichê é fato, é veraz.
Amor é dor e é bonito mesmo quando dói em mim.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Imagem do dia!


Branca

Branca, esses olhos pretos me derretem
me remetem a noites de poucas coisas pra dizer.

Como um déjà vu de lágrimas que só caem num vazio
e acabam num cenário feito de eu e você...

Branca, eu não brinco
esses olhos pretos me trazem tanto de paz
que eu nem preciso de algo mais pra te querer.

Sou um clichê ambulante
e quando paro pra te olhar nem que seja por um instante,
eu só consigo frases feitas...
Palavras que você nem notaria se eu escrevesse no ar.

Branca, eu não brinco...
você roubou a poesia da minha alma
e me levou bem mais que as palavras,
levou bem mais que a calma; e por fim...

Me fez um clichê feliz.

sábado, 21 de julho de 2012

Não sofria tanto

Olhos de calmaria
de mundos mudos, sem importância.
De paz, amor e harmonia
a qualquer instante, em qualquer instância...

Inocência e indecisão,
sempre em passos lentos pela orla.
Pouco importa já que da boca pra fora
o mundo é sempre um mar de rosas.

Fale o que quiser falar, diga como quer viver,
realize teus sonhos, teus medos, cometa os erros no replay.

Pra que ter medo dessa vida
se nada somos, nem sabemos mais...
do que deveriamos só vemos muito pouco
assim como o amor, assim como vivemos medindo a dor.

Levianos anos sem se deixar ir,
levamos anos de vontades pra que acumulem-se em pena,
no ego enorme da vida, dessa eterna agonia de ser...

Sem ver de novo
que é o simples que te faz lindo sem que saiba.

E a utopia do entendimento é que te mata
e arranca aos poucos, sem nenhuma dor, o que te fazia puro...

Ah, antes fosse burro... Não sofria tanto assim!

Há quem discorde...
Mas a ignorância ta na cara de quem é feliz.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Não-me-toques

Menina, menos não-me-toques,
levante o seu vestido...
E não olhe como se não tivesse me ouvido.
Hoje a noite está tão clara,
não há por que negar os meus pedidos.

Melhor que do que ser só
é agir feito uma despudorada
é amar o momento e não pensar em mais nada
é jogar e só vencer nessa imensa cilada que é viver.

Amor bote as cartas na mesa
e não me diga que só trouxe o can-can
não aja feito uma louca
não me faça desabafar num divã...

Jogar poker com dominós
traduz como eu entendo você
perfeitamente insana
indefectível dama que não vale um peão de xadrez.

Menina, menos não-me-toques,
levante o seu vestido...
E não aja como se nunca tivesse me visto,
não olhe como se nunca tivesse ao menos pensado nisso...

Não há por que negar nenhum dos meus maldosos pedidos.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Vestido azul

Difícil não notar
não me derreter ao te ver nesse vestido azul
nessas curvas de bem me quer
nos olhos de vem pra mim, meu amor...

Eu nunca fui de sonhar longe
e você mora aqui do lado...
Me disse tantas coisas lindas
me conquistou pelo compasso.

E depois dos desencontros
por capricho do acaso...
As tuas mãos nas minhas
são o verso mais bonito já cantado.
Escrito, encomendado, com grande zelo lá de cima
e com perdão da ausência de rima...

Eu vi toques sutís no tempo
pra que nós fossemos felizes demais...

Até o pra sempre acabar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Café

O café quente na cabeceira desperta
mas ainda não tem o poder de me presentear 
com a famigerada e superestimada vontade de viver.

De num passe de mágica, sorrir pro mundo e me resolver
decidir botar os passos soltos em alguma direção...

Não... E não só por hoje.
Sempre, desde que me conheço por gente 
isso de aceitar o entorno e caminhar direito sempre me doeu
sempre precisei da dispersa, dilúida e pouco requerida...
Vontade de amar! Antes de tudo.

Pra ter vontade de viver é preciso amar.
E nem que o amar fosse tolo, fosse só sofrer,
era aquilo que me mantinha de pé.

Hoje o café quente na cabeceira tarda e esfria
e é o reflexo do tédio incurável da mente.
Que não disfarça o desejo que eu tenho 
de voltar a correr atrás de alguém.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quarta feira

Toda quarta feira fria você me procura
querendo que eu te esquente
querendo alguém que mente
alguém que te encha de coragem
pra ver o céu relampejar...

E eu vivo com medo
de não poder mais mentir
por que se eu te amar de verdade
o mundo acaba pra mim.

Já nunca fui muito de saber o que fazer
e agora ainda tem essa
pra me fazer enlouquer de vez, de vez...

Te amar é como bater mal um chá e não voltar.

É como estar cercado de leões no coliseu sem armas.

É não tirar a razão do assassino que mata por ciúmes.

Te amar é ter algumas, mas não querer nenhuma.

Te amar é viver só e achar bom...
É um sinal fechado, num daqueles dias de chuva na orla do Leblon.

É andar esperando os contrapontos,
pra poder chorar mais alto.

Pra poder soluçar à vontade,
sem desejar deitar no asfalto.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Qualquer dia

Qualquer dia você podia me chamar pra te ver dormir
e quem sabe fazer disso nosso segredo de criança...

É que ultimamente,
eu não tenho tido muito porque acordar
e também nunca escondi
que o que eu sinto por você ainda está longe de acabar.

É, isso vai virar mais um lamento de sotaque carregado
meio vivo, meio morto, meio fado...

Vou falar sobre pedras, paisagens, miragens
esquinas, lugares, livros, músicas...

E rimar com aquelas coisas jogadas
que nos nossos dias foram ditas, mas deveriam ser cantadas.

É, isso vai virar mais um lamento sem sentido
já que ninguém me da ouvidos, qual a graça de chorar?

Vou dizer que to feliz, que o mundo é bom
abrir um sorriso pra chamar a atenção.

Vou cantar o sol, fazer um som
viver nas ondas, ignorar a boa vida da margem e "ser"
é, foi isso que eu ouvi dizer e nisso que resolvi crer...

Um dia ainda vou ser esse tão valoroso alguém...

Que vai te esquecer.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nada

Já quis ser canalha
mas como dá trabalho eu esqueci...
Já quis me casar
mas constituir uma família ia ser o fim.

Já quis o amor de uma menina
e a decepção me fez pensar em estricnina.
Já quis ser poeta
mas me soou tão clichê que eu nem paguei pra ver...

Já quis dançar como Gene Kelly e Astaire
ser cafa como Sinatra
largar essa sina de ser vira-lata.

Já quis quebrar as pernas do amor de quem amei,
só eu sei, quantos crimes planejei...
Já quis decolar numa trip
numa noite junkie mix, mas não cheiro igual Hendrix.

Viver como Cazuza
Ser Jovem e Tremendão
Ficar velho e chato como Caetano
Tocar como Tom...

Fazer rock como os Mutantes
Emplacar hits como Lulu
Cantar como Jorge Ben
Ser imortal como Raul.

Eu já quis tantas coisas...
mas hoje eu deixo que me levem
eu vivo e só deixo pra depois.

O que não dói agora,
não pode me machucar mais...

Deixo sim, que tudo passe,
que tudo vá ficando pra trás.

Já quis surfar como Slater
driblar como Mané
Já quis ter as canelas soltas de Dekkers
pra escaldar os pangarés...

Já quis vestir a onze da canário
pra ser gigante como Romário...
(E não acabar no plenário.)

Já quis mulheres como Renato falou
uma pra cada gol... (do Pelé!)

Já quis largar os vícios
roubar uma placa na Vinícius...
(É, talvez eu tenha feito muito mais do que contei.)

Já quis atuar como Pacino
ser Brando como De Niro...
(Eu... já quis levar um tiro.)

Ou só não fazer nada
e me jogar da sacada...

Pra sujar a calçada
e dar cor a mais um dia sem graça.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Egoísta

Hoje eu resolvi descruzar as pernas e me concentrar
pra escrever o meu desgosto em não te ver mais...
É difícil te imaginar feliz de longe,
complicado explicar esse sorriso sem estar por perto, sem fazer parte...

Isso sem falar nesse anel na sua mão,
o cabelo além dos ombros de novo...
As marcas no mesmo lugar,
e as covinhas que ainda parecem tão minhas.

Sua vida anda mais calma
os passos menos tortos
histórias menos fortes
mas o sorriso é o mesmo...

Pelo menos é o que parece.
É difícil dizer, mas acho que a minha falta te fez bem.

E eu sou tão egoísta, que preferia como era...
louca, linda, solta, loira, inconsequente!
Com mais de mil planos que iam dar errado em mente.

Botando na mesa as taras,
jogando com os olhos a marra, enchendo a cara...

E com todo aquele ar de livre,
esquecendo de amar...
Esquecendo do mar, do sol,
e só vivendo a escuridão.

Morrendo por dias e dias
nos sóis mais frios que puderam existir.

Sumindo, se resguardando,
hibernando com a maldade,
pra que ela viesse a toda pela lua de qualquer noite.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Tem dias

Hoje eu queria que o dia amanhecesse cinza
pra que você não quisesse me trocar pelo sol.
É, eu queria uma ajuda dos céus
queria água até não dar mais...

Pra que só houvesse tempo pra amar
e eu pudesse te amar, e te amar, e te amar
até te convencer a não me largar mais.

Hoje eu queria não me levantar da cama
e queria não precisar suplicar
pra ouvir você dizer que ainda me ama.

Mas você só me aparece nessas tardes frias,
quando da na telha...

Dias onde o tempo é o sensor, é tédio,
é silêncio gritando nos meus ouvidos
e esmurrando partes do meu corpo que eu nem conhecia.

Destruindo todas as mesquinharias reaças,
as áreas de escape, os recuos, os pontos de paz
estilhaçando vidraças, se garantindo no corpo
detonando a minha zona de conforto...

Jogando juras ao vento
com a classe esquecida fora dos quatro rebocos
miando pra me provocar
pra me fazer querer igual um louco.

E tudo isso é sem apego, tudo só pelos desejos
me fazendo de garoto que só vive pra satisfaze-los...

Mas tem dias que eu só queria poder te negar
saber dizer não, pelo meu bem...

Tem dias que eu só não quero amar,
dias que eu não quero amar ninguém.

domingo, 10 de junho de 2012

Armaduras

Paz é desfrutar desse tempo sem fim
tendo pra mim o ensinamento de levar a vida "como deve ser"
de ser mais eu só as custas do amanhecer dos meus sonhos...

E em paz contar nos grãos de areia da praia
os motivos pra ser feliz.
Florecer, criar raízes,
ter meus trajes já na pele, viver leve...

Sem muitas armaduras, nem muito medos
e só por via das dúvidas ainda ter alguns segredos.

Sim, mas sem medos, nem armaduras
só o mar e o vento pra lá e pra cá
só cheiro de mato e o balançar do velho jacarandá.

Sim, só eu e ela, sem muitas armaduras
e quem sabe uma ou duas princesas com as suas canduras.

É... Pode chamar de paz.
Pode chamar de "meu ideal" ou de "o algo mais".

Mas sem muitas armaduras, essa é a vida...
ela é leve, é linda e é pura.

Sim, sem muitas armaduras.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sem vida

Doce semana
sol, céu e tanta gente por aí

Engravatados correm loucos
e poucos são os que param pra viver.

E eu... to sempre decorando a paisagem
saindo no cartão postal.

Encostado em algum lugar
calmo, sereno, tranquilo de olhar...

Coadjuvante dessa rotina sem vida
transgressor de olhos safados
testemunha ocular da história triste
desses cadáveres adiados...

Louvando e ouvindo a vida louca vida do poeta...
que embala minhas mais preguiçosas revoluções mentais.

Sentindo sempre a mesma paz
surfando a poesia e rindo de algo mais
que naturalmente eu já não me lembro agora.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Medos

Um pouquinho de tudo que eu amei
está nas lágrimas das noites em que eu ando só,
está em momentos de muita luz e pouca paz.

Nas coisas de que eu fujo
nos medos que eu tenho...

De perder a inspiração
de ter câncer nas mãos
de não viver o suficiente
pra ganhar um epitáfio comovente...

Medo da poesia etária
de perder a praia
de desencantar e esquecer o pôr do sol,
de nunca mais cantar, acende o farol!

Medo de sentir que o fogo apagou
de nunca mais gritar gol!
Medo de não morar em ipanema
e morrer velho sem você de meu esquema.

Medo de tudo não ser como eu pensava
de ver o mundo me negar tudo que eu acreditava.
Tudo que eu tinha e não posso ter
tudo que eu quis mas não vou viver...

Um pouquinho de tudo que eu amei
me mata, todo dia!

Mata de saudades, de remorso,
de querer que fosse diferente
matam as vontades que tenho
e as que não tenho mais...

Matam porque eu morri quando deixei,
morri pra quem deixei pra trás...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Arpo a dor

Arpo a dor nas pedras
prendo-as no escuro dessa imensidão azul
no bate e volta das ondas no Rio...

Prendo-as bem ao lado do diabo
em um daqueles dias com vento e mar bem alto
a vista da realeza e bem longe dos meus irmãos
da santidade dos canais sujos de alá.

Prendo-as sob a guarda de iemanjá
e de todas as crenças e superstições que esse mar possa contar.

Arpo a dor bem perto, onde eu possa ver...
Arpo-as onde eu possa visitar
e onde posso esquecer também.

Arpo a dor num canto que era só paz...
Pra que haja algo mais que só contemplação.

Arpo-as ali
sangrando na pedra
do Arpoador.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Rio de sombras

Desde sempre eu me encontro nas sombras
admirando as luzes vãs da madrugada
do Rio imerso na bruma
que se esvai na eterna orla iluminada

Desde sempre me achando e me perdendo
procurando sempre mais da mesma
até descobrir que a mesma
talvez não fosse mais tão certa pra se procurar...

Eu ainda quero outras noites de glória
mereço mais sangue batizado pelas veias da minha história.
Tenho saudade de tudo sempre largado, e das garotas atiradas
de gente estranha pelas ruas sujas, cantando as suas cartadas.

Desde sempre eu me encontro nas sombras
nesse punhado de pequenas tragédias
nos erros de Deus que tem o aval
a omissão divina nessas terras onde nada me faz mal.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Meio cafa

Passos, sorrisos, os seus medos de gente
o medo bobo de acabar só
e no futuro não ter mais "a gente"

Tudo como ela quer, pode ser que sim...
mas ainda faço tudo errado,
só pra ouvir ela dizer que não é assim.

Feito cão sem dono, eu vou treinando os meus olhos de esmola
bicho, é disso que eu falo e já não vem de agora...
tem tempo to querendo me acertar,
eu to querendo ser do jeito que ela me aceitar.

Devo reconhecer, que sim, existe paz!!
E plenitude de verdade é levantar ao lado dela,
é escrever um belo poema em homenagem a todas manhãs...

Mesmo a manhã não me tendo muito bem
agora eu me entendo bem com ela...
Que insiste e entalha amor nesse peito canalha
e que muda esse jeito meio cafa pra ainda em tempo me salvar sem dor.

Por isso eu devo então dedicar e amar com vontade até o fim,
como já disse um dia, há algum tempo atrás, aquele anjo safado o chato do querubim...

Que entoava o hino da saudade, num prelúdio ao futuro
e afastava do meu caminho toda dificuldade e perjuro.

Porque eu nunca soube muito
mas sempre vi os ares puros...

Desejei o bem pra todos; ou quase todos, pra ser digno
e também nunca escondi o mundo fácil
sempre quis assim; dizem ser do signo...

E se assim passa, e o tempo traz...

Eu vejo a felicidade no início, meio e fim...
vejo moleques, bichos, mar, e uma princesa
vida boa, vida fácil, e poucos lugares vazios á mesa.

terça-feira, 15 de maio de 2012

E é só

Tem sido difícil entender como é que aconteceu...
Mas é que de repente,
eu não me vejo mais por ai sem você.

Não me vejo sem família e filhos,
nem caminhando longe dos seus olhos de primeira dama dos vícios.

Você montou acampamento nos meus refrões,
quis tanto de mim, que me fez um bem que eu nem sei cantar.
Mudou tanta coisa assim, de mansinho, que é difícil de acreditar.

É, eu hoje mato e morro sem piscar por esses olhos
olhos que habitam minhas mais obscuras manias
que fazem eu me perder nos dias de sol ou de nuvem
nos dias de chuva, de ódio, de livre amor pelos teus passos
amor pelos teus erros, teus lances mais tórridos.

Livre vontade de caminhar na tua sombra
e não te largar um minuto.

De pisar nas tuas pegadas
pra sentir o vento passar trazendo o seu perfume
só pra saber que tenho pra mim aquele sorriso
saber pra poder sorrir também, soltar o ar, esquecer qualquer agonia
saber que você existe, é linda, é minha...

E só.

sábado, 12 de maio de 2012

Pequena

Garota, de novo seu corpo me fez delirar
tão linda, tão jovem rainha do meu novo amar.
Dominante inconsequente, dessa arte de me destroçar
destrinchar meus medos, jogar duro com os olhos
só pra eu perceber, que já era hora de querer bem mais...

Pequena, pequena...

Me laça no teu murmurar,
no vicioso piscar de olhos,
no sorriso de cinema, pequena, pequena...

Garota, de novo o seu corpo me fez desejar,
querer demais,  me fez chegar mais perto,
do amante perdido que jamais achei de novo em mim,
do quase homem feliz de sorriso louco que eu fui.

Pequena, pequena...

Me ensina a ser de novo alguém mais bonito,
me faça rico, rico de sorrisos
e me use pra sempre no primeiro plano dos teus olhares,
nos sonhos mais tórridos que sonhares...

Me ame sem censuras,
rabisque os maus dizeres
e os mantras que quiseres entoar.

Não se faça forte,
no meu peito sempre haverá lugar
pro teu rosto e todo mar que há.

Me ame como nunca
passe a limpo esse rascunho,
de punho livre rabisque o seu testemunho
e esqueça o que quiseres esquecer...

Só não me deixe, não me deixe pra trás,
não vire a página em que o meu corpo está.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ainda brilha

Sem mim ela ainda brilha
ainda ri das juras de amor
e vive, vive linda
se derrete por trilhas e balas de cor...

Sem mim ela ainda é toda feita pra amar
e joga segredos por todos os lados...
Por mais perdida que esteja
eu nunca a vi sair dos saltos.

E agora ela faz cinema
parece que é pra provocar...
Como se já não bastassem "As Atrizes" pra me fazer lembrar.

Ela ainda sorri com os olhos
e diz coisas com sorrisos
ainda anda na ponta dos pés...

Ela ainda tem suas marcas divinas,
e aquele bocado de lindas manias.
Tem o poder de me manter sem vaidade
de deixar rastros e saudade,
de andar leve rindo de mim sem piedade...

Mas eu ainda mato os teus todos
ou me corto de ciúmes se faltar coragem
se faltarem aqueles olhos de aprovação.

Faço uma cena pros teus sorrisos à toa
e mando rezar uma missa pra tua solidão
eu faço de um tudo, eu mudo a vida
pra te ver feliz no meu refrão...

Sem mim ela ainda brilha
mas poderia ser melhor comigo ou sem ninguém
e que não digam que é mentira
por que eu não ando nada bem.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Imagem do dia!


Canalhocracia

Somos banais, inúteis
não falamos sua língua.

Aborigenes do lixo, sociopatas
mesozóicos, de caráter imundo...

Somos vazios e surdos
não vemos muito, não queremos muito.

Somos a nata deste país
nosso maior desejo é vê-lo de longe
é fingir zelo de longe...

Com nosso jeito da corte
Só não se sabe ainda se bobo ou rei...

Somos assim, avulsos, corruptos
não fazemos, não faremos, e daí?
Canalhocratas com as nossas gravatas made in Italy.

Somos banais, inúteis
não falamos sua língua.

Aborigenes do lixo, sociopatas
mesozóicos, de caráter imundo...

Somos vazios e surdos
não vemos muito, não queremos muito.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Desisto

É triste o peso da banalidade,
desse povo estúpido, burro!
Clamando por liberdade
sem vontade de exercê-la de maneira inteligente
toda essa merda me revolta, me sequela, incendeia a mente...

Sinto pena dos caras pintadas
nossos pais, tios e avós
que lutaram por essa merda de geração
que só sabe repetir bordões.

Ouço gente por todos os lados
dizendo como seria melhor...
Mas não vejo ninguém do meu lado
se mexendo por um mundo melhor!

E a carapuça que me adorna, é linda, longa e traz um véu
de mentiras repetidas, ressentidas, doce mel.
Escorrendo a hipocrisia da boca dos teus reis
que há tempos já são réus nesse inferno sem leis.

Por isso eu visto o traje e lavo alma
nada, nada nessa porra aqui me tira mais a calma.
Todo dia o sol me chama, todo dia o sol me guia
nas areias to completo, vejo peitos, bundas lindas...

E quem liga se o Sarney comprou uma frota de Audi A3?
Se não sujarem minha praia eu to feliz, já sou freguês.
Não me tirem a marofa, o pó... Peguem o arrego do tráfico!
Pra que se dar ao trabalho? Não aumentem meu cigarro!

Eu quero vícios, quero as putas, pra viver anestesiado!
Achando assim, que algum dia essa porra vai mudar...
E contando com a sorte de um tiro na têmpora, se um dia eu acordar,
pra ver num estalo e entrar em pânico, vendo que a tal revolução nunca vai chegar...

Que voz e violão já não amplificam, só mistificam o sentimento
já não chegam aonde precisa só mascaram o sofrimento...
De que não há mágica nas mãos que transforme o lixo em terra prometida.
Mas ainda da pra cair dentro e matar esses filhos da puta que vivem pra sugar um pouco de cada vida.

São cento e setenta milhões
sentando sincronizados
com a mesma sentença...

De sustentar politicos safados
e suas famílias em suas férias na França.

Que com a cara mais lavada, dizem "candidatem-se pra mudar!"
Mas se um dia eu entrar nessa merda vai ser com uma bomba no peito pra detonar
o amor que eu sinto e é louco por essa pátria mãe gentil
por cada centímetro lindo do meu céu azul de aníl...

Das garotas já cantadas, desse tudo que se vê
do mundo fútil, breve, burro, das novelas da tv
onde a pátria não existe e os limites são assim
mortos mais do que a crença de que mudem meu país.