sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Desculpa

Desculpa, mãe,
mas o que eu tenho pra dizer não é piada.
Já tem tempo que eu não sou
uma criança que não entende nada.

E se você quer saber,
eu aprendi um bocado com o mundo.

E ainda lembro de você dizer,
menino, cuidado com esses vagabundos.

Mãe, eu não sirvo pra muitas coisas,
mas ando figurando bem como um mau exemplo.

Mãe, eu até poderia ser diferente,
mas sou um ótimo mau elemento.

Rebelde sem causa, boa pinta, de olhos claros,
caçador de novatas, das meninas muito amadas...

Tratante de tudo que não é amor,
dom quixote de mil corações,
um poço de bondade, numa terra de más intenções.

Sempre pela sombra no sol forte,
caminhando nos dias de chuva atrás de sorte.

Um convicto missionário da exatidão do acaso,
um garoto com tato no ato de saber o que dizer,
de jogar as palavras como quer, pra iludir, só pra ter...

Mãe, eu sou um deles,
e nem é ruim assim...

Mãe, hoje tem mães,
que falam tudo isso de mim.

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