quarta-feira, 29 de agosto de 2012

De Moraes

Há tempos que eu vivo com medo de morrer
medo de ir de repente
sem poder dizer que fiz parte, que escrevi o nome ali...

Sem poder dizer que chorei tudo que chorei
pra no final poder sorrir...

Ou que amei tudo que amei,
pra no final poder viver do que colhi.
Louvando tudo aquilo que não se pode esquecer
o que vivi e o que tenho pra viver...

O pedantismo bar a dentro
o "xis" demais largado na palavra quase sempre embreagada e ao vento
o riso doce já sem nenhuma mágoa...


E o abraço amigo de alguma das que amei,
abraço que nunca quis,
não quero, nem hei de querer...

Porque é muito pouco pro que sou
e muito pouco pro que é alguém que eu tive pra mim.

Mas não há nada que não se supere com uma garrafa
seja no copo ou de encontro a cara.
Tudo se resolve com o nosso corriqueiro marrentismo coloquial
que deixa tudo jogado no ar, sem pressa
largado num vendaval de lembranças, turbilhão de emoções...

Choradas no penoso amor demais, vívidas no samba e canção,
na trilha óbvia que é a bossa já não tão nova, e linda, e viva.
Numa já não tão ecantadora montenegro e nascimento silva.

Mas há ainda nesse meio perdido,

os que vivem desse amor e dessa dor.
Desse clichê de sentimentos e rimas batidas
que bateram e ainda batem nos passos cantados
de caês e coschi, lobos e cajus

dorís, tons, tocos, lyras, badens e dindis.

Velhos reis de um tempo bom
que de viéis cantaram esse amor...

Cantaram as meninas e todo o azul,
versaram primaveras de pés na areia.

Cantaram e transformaram toda a cor,
mais ainda, deram nome a vida!

Deram vida a um tempo lindo e de vícios imorais,
vivos vícios que admiro e verso
embora infelizmente não tenha esse talento de poeta
como um certo "De Moraes".

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