segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cardeal

Curto quartas longas,
daquelas que se passa inerte no frio do quarto.
Sem horas pra ganhar ou perder, sem saber se parto ou não,
se te peço mais um beijo ou te deixo ir com a razão.

Porque esse tempo que se perde feliz
não é um tempo perdido, então me diz...
Fica comigo aqui?

Desfrutando do tempo em brasa,
no ar de dez ou desfilando pela casa,
só sentindo o ópio queimar...

Sem suar, mas sentindo o sal,
porque ás três horas da tarde
o sol arde feito o peito de um cardeal.

Longas são essas nossas manhãs da côrte
que duram pouco mais de uma eternidade.
E o sono solto, farto,
que vem do leito de um vira-lata,
não mata o que já é amor...

Só nos envenena de preguiça e de vida,
pra ser vivida na cara dura, sem vergonha alguma.
E é isso que assina embaixo
de todas as minhas composições.

Meu bem, nada disso é meu,
são só frutos dessas horas de paz...

Em que eu deixo que falem por mim,
em que eu deixo que a pureza da ausência do mundo fale por nós.

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