Todo o fim de noite em domingos febris,
toca feito alarme aquele silêncio desalmado.
E aí, me vem mil palavras,
mil escolhas, incontáveis novos jeitos de errar,
cantar outros tristes fins, destrambelhar pelos papéis
as narrativas de noites perdidas
em que os olhos molhavam sem antes amar.
Dizer tudo sem desvios, rir pra não chorar
dos desatinos que vivi e já nem lembro mais...
Apago, esvazio o meu peito, esmoreço
debruçado feito um velho cansado,
permaneço inerte, sem motivos pra me levantar.
Até que me lembro de você...
e nessas trevas totais, um rompante de alegria
da luz a um céu até então escuro e sem graça.
Um sorriso de canto agora da lugar
ao canto triste que eu tinha pra jogar num papel qualquer.
Não me importo tanto assim...
e nem lembro de haver orgulho do lado de lá do meu coração.
Te aceito de novo, não tenho do que reclamar,
me conformo com uma noite e o que mais vier,
pode ser tudo como era, como você quiser...
É bom te ter assim pra me fazer de gato e sapato,
pra amar feito louca e depois deixar de lado.
Repetir sempre as mesmas falas falsas
só enquanto ainda não há sol no céu,
vomitando seus números ensaiados e bordões,
prevendo todas as reações...
E não erra sequer uma deixa, um ato,
me dobra e sai ao primeiro sinal de céu azul.
Deixando a cena com olhos de fuga
e a mesma infalível devassidão nos passos leves.
E eu? Nem me importo tanto assim.
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