Sei que não é de minha alçada
mas não aceito ser largado aqui assim por nada.
Nesse tempo sem som e com cor demais
mas sem a areia branca e a paz que nos valia,
sem o piano e a rima boba só pra por o amor em dia.
Sinto tão perto o taco arranhado
e o barulho que o salto fazia...
Sinto que a pinta do teu lado esquerdo da boca
e a voz rouca nunca estiveram longe de verdade.
Mas há de se entender, já disse uma vez,
é preciso reportar toda essa felicidade...
Detalhar os nossos dias, repartir toda dor
e dizer que é assim que a vida faz todo sentido.
Que a casa com o seu cheiro e o toque hippie chic
é o que mantém vivo o meu coração ferido
é o que esfria e acalma esse meu sangue latino...
E me entrega algum norte na bandeja,
pra que eu viva os dias quentes e frios
desses tempos de necessária solidão,
em que o mar e o amar estão distantes demais
e que o mundo todo é pouco pra nós dois.
Dias como esse em que esbarro num santo delírio
e penso alto, digo que te coloco um filho no ventre.
Te falo de amor, sonego qualquer dor,
desejo longe tudo que mal faz e todo o mal que fiz.
Só pra esquecer, clarear as idéias,
escrever tudo diferente,
viver só do que faz bem daqui pra frente.
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