Trágico momento, me levantei,
a luz do sol encoberto pelas nuvens incomoda,
o dia triste que se ergue é fatidicamente
anunciado pela barulheira da rua,
o circo se arma, a vida tem dessas...
A vida tem desses dias,
quando o peso dos ombros é assustadoramente demais,
mas a engrenagem permanece a girar,
tudo insiste tristemente em apenas continuar.
E como a vida,
como o mundo,
o ser,
precisa ser insensível
e permanecer de pé...
É preciso morrer e andar,
morrer e continuar vivo,
é preciso às vezes não ter brilho,
não ser brilhante,
não ser ninguém,
e escolher vida ruim pra si...
Dizem que é preciso vestir um terno
e de sol a sol fazer só o que te mandam,
é preciso trabalhar, fazer dinheiro,
é preciso pensar nisso o tempo inteiro,
e ter andar de moço próspero,
esquecer o porte de sem jeito.
É preciso não viver as garotas da praia,
morrer sem olhar as mais belas vistas,
é preciso às vezes esquecer que se viveu melhor,
não ser saudoso,
não ser ninguém,
e escolher vida sem graça
pra não morrer sozinho
como os velhinhos da praça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário