Será que você não vê
que as pessoas sempre desistem de você?
Será por quê?
Se não é por mal, nem é por bem,
é só porque sempre foi assim.
Meio sozinho, meio perdido,
olhando pro nada, sem saber de nada,
caminhando e cantando por nada,
sorrindo por nada, chorando por nada...
Faturando só o que vem nos olhos,
quando vem de encontro e nada pode mudar.
Só o que estava escrito nas esferas do senhor
e que nenhum amor maior pôde levar.
Será mesmo
que é assim tão grave?
Viver tudo no humor do vento,
no passo de gato sonolento,
sem comprometimento,
sem se importar muito com o tempo
e com o que vem com ele...
Será que é mesmo assim tão ruim?
Achar que tudo vai dar certo no final,
que o acaso é o senhor da vida,
e que qualquer página sofrida
de repente vai virar...
Será mesmo?
Eu penso às vezes,
só às vezes...
E quando penso muito,
penso que não pode tanta gente estar errada.
Eu vejo,
entendo,
eu sei.
Mas é que sempre foi assim,
e é assim que eu sei que vai tudo muito bem,
que está tudo no lugar.
É assim que vejo com algum gosto o mundo funcionar,
de fora, sempre de longe,
acompanhando os problemas do alto,
avaliando uma ou outra incursão estratégica
para não me sentir parte disso tudo.
Não me sentir muito mal
se de repente
me tornar qualquer coisa que nunca quis ser.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Dezembros
Pelos dias e noites em que as coisas nos fogem,
qualquer silêncio e qualquer meia luz me chamam a atenção,
os dezembros doem, arruínam a caixa onde esqueço meu coração,
trazem coisas de mim que eu não conheço mais,
coisas que eu não reconheço mais em mim.
São os sóis do verão,
aquela velha sensação juvenil de ter que ser feliz,
de ter que sair de casa para descobrir a cidade,
e fazer isso sem alarde,
perder a hora sem hora nem nada,
correr pra sair e não chegar tarde,
por quase todos os dias,
por quase todas as tardes.
E se durante os meses todos do ano, os dias me fogem,
nos dezembros eles me encontram,
me cobram comparecimento,
repetem a celeuma de todos,
insistem que eu encontre o outro...
Que eu vomite a bile negra,
e que deixe de detestar as pessoas,
que eu volte a viver como antes,
mesmo que agora não sinta mais nada.
Os dezembros me adoram,
roem a corda da cortina na cochia,
querem que eu esteja à postos,
querem me ver rezar a boa oração dos postos,
eles sentem falta do desacato à tudo,
sofrem quando lembram da hipocrisia,
da ruptura e do amor ao mundo.
Dezembros me amam,
dezembros me cansam demais.
qualquer silêncio e qualquer meia luz me chamam a atenção,
os dezembros doem, arruínam a caixa onde esqueço meu coração,
trazem coisas de mim que eu não conheço mais,
coisas que eu não reconheço mais em mim.
São os sóis do verão,
aquela velha sensação juvenil de ter que ser feliz,
de ter que sair de casa para descobrir a cidade,
e fazer isso sem alarde,
perder a hora sem hora nem nada,
correr pra sair e não chegar tarde,
por quase todos os dias,
por quase todas as tardes.
E se durante os meses todos do ano, os dias me fogem,
nos dezembros eles me encontram,
me cobram comparecimento,
repetem a celeuma de todos,
insistem que eu encontre o outro...
Que eu vomite a bile negra,
e que deixe de detestar as pessoas,
que eu volte a viver como antes,
mesmo que agora não sinta mais nada.
Os dezembros me adoram,
roem a corda da cortina na cochia,
querem que eu esteja à postos,
querem me ver rezar a boa oração dos postos,
eles sentem falta do desacato à tudo,
sofrem quando lembram da hipocrisia,
da ruptura e do amor ao mundo.
Dezembros me amam,
dezembros me cansam demais.
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
Desdobramentos
O haver me confunde profundamente,
assim como o ser,
e os poréns todos da vida.
Tardo demais para tudo,
não me atraso,
tarde demais para isso também.
O mundo me confunde profundamente,
assim como a felicidade de todos,
a demência geral,
e a vacância dos corpos.
Tardo demais para tudo,
silencio meus desdobramentos,
tarde demais,
já não sinto aqui dentro.
assim como o ser,
e os poréns todos da vida.
Tardo demais para tudo,
não me atraso,
tarde demais para isso também.
O mundo me confunde profundamente,
assim como a felicidade de todos,
a demência geral,
e a vacância dos corpos.
Tardo demais para tudo,
silencio meus desdobramentos,
tarde demais,
já não sinto aqui dentro.
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