Como quem anda sozinho pela vida,
desespero-me na era das reproduções,
vim de encontro a esse momento
sabendo o que me esperava,
eu tive certa clarividência,
eu vi acontecer.
Pelas ruas, hoje, homens indistintos,
vazios de sentido,
reflexos no espelho,
sem som, sem nada.
E nas casas de gin,
vê-se o movimento dos corpos,
das coisas, dos copos...
Mas procura-se a humanidade,
suplico significado,
e claro, eu não desisto.
As carapaças não mentem,
os estereótipos são os vencedores
na era das reproduções.
Eles não têm dúvidas; apenas certezas,
estão sempre à procura de felicidade,
mesmo sem entendê-la.
E nas praias, elas também se repetem,
nos shoppings e galerias,
elas se repetem demais,
fazem tudo que as outras das telas fazem,
querem tudo que as outras das telas querem.
Pai, pai nosso que estais nos céu,
(nada tão desesperado e tacanho
como apelar aos céus, mas)
salve-nos da modernidade,
dessa estranha, estranhíssima modernidade...
Porque eles precisam!
E elas precisam!
Ah, a gente precisa...
Para redescobrir a humanidade da tristeza,
sentir de novo que ser feliz
é só um ponto e pronto.
Compreender a vida sem fugir
do que é ser humano,
se aceitar, e ter ideais
firmes para o mundo.
Conseguir pensar num novo hábito
que nos salve dessa insanidade,
e que por acidente ou boa intenção
salve os homens da modernidade.