Bem debaixo das escadas
sob as solas dos sapatos dos passantes,
o menino destilava seus versos,
derramava suas lágrimas...
Sol a sol,
como se sentença fosse,
o poeta debaixo das escadas
se escondia.
Fugia dos arroubos violentos da juventude,
da maçante tristeza
que adornava a sua alma...
O poeta se escondia
pra guardar-se do mundo,
pra sagrar-se
grande homem no futuro.
E com os olhos salgados de mar,
do mar tempestuoso de sua alma,
certo dia o pequeno poeta
só admirou de longe os degraus...
Não se escondeu debaixo das escadas,
arrastou sua imensa tristeza pelo caminho
e seguiu, seguiu chorando a vida,
cresceu versando morte,
dando nome ao desassossego
que é sentir-se sempre muito afeito ao pesar...
Que é ser feito de palavras a escrever,
de poesia pra deixar
antes de Deus deixar-te ir.
terça-feira, 31 de agosto de 2021
O poeta debaixo das escadas
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