Não vivo mais poesia,
vivo de treva e disrupção,
de agruras bem apanhadas,
de arrasto e coração na mão.
Por falta de bom companheiro,
por falta de abraço e de opinião,
falta de bom conselho,
de mesa farta, fogo e carvão.
Às vezes a tarde me pega,
às vezes me pega a manhã,
mas a noite é que sempre me leva
e é aí que eu preciso lembrar de amanhã.
Que a vida sem poesia,
é mesmo treva, difícil demais,
mas se os mares dos olhos reagem,
seguimos viagem, tudo se desfaz;
E é vivendo as coisas queridas,
as coisas mais lindas,
que o amor se refaz.