Dias quentes são difícies de sofrer,
o céu azul me estapeia o coração,
mas só quem é vivo e dorme mal pode entender,
todo dia é tão difícil de viver.
Pelas noites passam eras na cabeça,
me estacionam pensamentos tão ruins,
e as coisa que antes pareciam boas,
simplesmente são erros que cometi.
Quantos dias quentes foram bem partidos,
quantas noites frias tive que esquecer,
pelos cantos da cidade movediça,
eu prefiro sempre ter que me esconder.
Já não vivo como um indigente triste,
corro ando como um morto-vivo ciente,
só as pedras quando choram me alentam,
só as paisagens cheias de nuvens chuvosas.
Nuvens baixas pelo jockey me alimentam,
terror noturno e baixo gávea me alegram,
brigas bestas, futebol, e a luz dos caça-níqueis,
a espuma muito suja e o rodo pra expurgar.
Conversando com as pedras portuguesas,
sei que a culpa não foi nunca do Cabral,
claramente foi do Médici por trás,
mas a nação tupiniquim não duraria muito mais.
Fim de noite, olhos baixos, em algum baixo a esperar,
precipito como os céus, rezo baixo pra chegar,
o dia em que a noite dure mais,
o dia em que em uma noite eu consiga descansar.
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