terça-feira, 14 de outubro de 2025

Amor aos postos

Ondas longas de calor
diminuem o meu amor aos postos.
Longos dias nas areias
me inocentam do que é
e do que já foi nosso.

Os tons verde-azulados
falam do que eu quero ouvir —
muito mais do que os teus passos.

Que agora só me pedem
para que eu esqueça tudo
e viva triste por aí.

Não que haja algum problema,
mas, desde “o homem triste”, eu vejo até um charme nisso.
Só não desejo morrer do coração —
acredito que há maneiras mais românticas
de morrer sozinho.

Ando pedante demais.
Não sei se sobrevivo a mais dois ou três verões.
Me arrependo de autorreferências,
mas as uso como um porto seguro
para certas situações.

Preciso me reeducar,
esquecer de política
e de amores astrais.

Preciso demais deixar tudo para trás;
não posso, nem devo, continuar assim...

Mas não há nada grave acontecendo —
são só as ondas longas de calor,
essas que são muito longas mesmo,
e que, perigosamente,
diminuem meu amor aos postos.

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