Da janela, o Marina no leblon
parece concordar plenamente comigo,
parece dizer que é assim que a vida anda
e a banda toca como nada mais fosse mudar.
As ruas não param, os sinais de trânsito,
a chuva desaba, deságua sem dó,
e eu desabo também, desato os meus nós,
deságuo o meu mar de lágrimas.
As cagarras sempre vão estar ali
pra rir de mim e dos meus enganos na beira do mar,
a maria e a joana, a garcia e o poeta também,
vão todos sempre estar ali pra me consolar,
pra me orientar como ninguém...
Madrugadas libertinas, madrugadas solitárias,
as areais como companhia,
e as pedrinhas portuguesas pra eu me divertir,
como os bons cristais, e os tiros de alívio
que as multidões sempre deram por aí...
Daqui debaixo o Marina no leblon
está tão longe que mal posso ler,
o letreiro vermelho que há pouco
parecia estar piscando pra mim,
já não me enche de certezas,
só engrandece minhas tristezas,
e a solidão à primeira luz do amanhecer.
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