sábado, 28 de abril de 2018

O Rio para trás

Já aceito deixar o Rio para trás,
amigos e amores também,
já me vejo longe,
já me sinto como um outro qualquer,
como se em minha vida
não houvesse uma pedrinha portuguesa pra cantar.

E toda beleza parecesse uma besteira,
um detalhe tão pequeno pra fazer mundo mudar,
um detalhe assim, muito, muito pequeno demais.

As nuvens baixas sob a luz do jockey,
o Rio imerso na bruma de um inverno infernal.

As caixas vazias como os corações das meninas,
as avenidas, e os meus bons dois irmãos.

Já me vejo longe, já me vejo tão distante,
como se tivesse partido, partido há alguns anos atrás,
estou velho e louco,
velho e choroso,
triste e saudoso de tempos atrás,
tempo demais.

E toda beleza parece besteira,
parecem detalhes que são pequenos demais,
pequenos demais pra importar,
pequenos demais pra me fazer ficar.

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