sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Fingir tudo

Destrato de mim, joelho no chão,
me entrego, me afasto,
meu Deus,
eu sou tão ingrato.

Eu fujo das luzes,
do sol e do mar,
passado e destino
já nem estão lá...

Eu sou como as coisas
que nos pegam de surpresa,
eu sou triste, tão constantemente
como uma leve correnteza,
já nem sinto nada,
eu não sinto mais,
já nem sinto nada,
eu nunca senti.

Há um esbranquiçamento no meu peito,
uma massa que corre estancando o sangue em minhas veias,
sinto como fosse até tristeza, mas não é,
sinto como fosse algo da minha natureza,
mas não é.

É vontade de estar só,
de viver sozinho o mundo,
é vontade de estar só,
de chorar sem saber porque,
é vontade de estar só,
e fugir de tudo,
deixar de fingir tudo,
desistir de ser poeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário