Copacabana década de 40 |
segunda-feira, 29 de junho de 2020
Transitivíssimo
Nos livros coloridos
poemas tropicais,
nas árvores desfolhadas
sinais de que o inverno
realmente não cobra nada...
realmente não cobra nada...
O céu é limpo e insiste
no azul celestial,
e as cores da estação
nunca me fizeram mal.
Procuro novos olhares,
quero a ineditez dos velhos tempos,
preciso de amor e desamor
de tempos em tempos.
De tristezas e momentos
de pura dor...
Pra me tornar algo como um poeta,
um poeta tropical,
renascendo do caos terrível
de sua sul-americana capital.
Mal dizendo o fim dos tempos
e os dias cinzas quentes dos verões,
desdizendo as coisas terríveis
que andou pregando em outras estações.
Porque sou transitivíssimo
e praticamente imparável,
derrotado pelas tristezas,
e reerguido por lindezas bestas.
Sou poeta, desgraçado,
nascido do lado de cá,
da zona que fecha com o certo,
do time que fecha com o mar.
Poeta tropical,
trupicando sem desaguar,
despudoradamente,
um amante inquieto desse lugar.
Moldura
Na moldura o silêncio grita pra mim,
e as tijucas saltam aos olhos
como o brilho insistente do cetim...
Duas horas da manhã,
eu quase nunca não to aqui,
a areia é tão fria
que parece faz parte de mim.
Me sinto vivo pensando no mundo
enquanto ele dorme,
e faço mil planos futuros
pra esquecer quando for dormir.
A lua não fala comigo, nunca fui comunicativo,
mas eu peço, esperneio,
porque às vezes eu preciso,
de um pouquinho dessa luz noturna
que seca todo meu juízo.
Pra sair pelas ruas encarnado,
sem pensar nos prejuízos,
sem querer saber das loucas,
e nem dos seus bons motivos...
Me sinto vivo,
só enquanto o mundo dorme,
e vejo os meus sonhos mais lindos,
escaparem dos meus olhos.
Me sinto vivo,
só enquanto o mundo dorme,
e desapareço, infalível,
antes que alguém acorde.
Azul e amarelo
Todo azul e amarelo do mundo
pros teus olhos indiscretos e profundos,
do fundo do meu coração pro seu,
eu desejo o melhor pra você
e adeus.
Mas não diga que eu não avisei,
nem que o céu pálido emudeceu,
eu preciso aprender a dizer,
eu preciso aprender a ser só
e adeus.
Todo azul e amarelo do mundo
pra justificar esse pesar tão escuro,
eu procuro entender, tentei entender,
mas eu nego todo futuro,
eu prefiro os amores fajutos.
E não diga que eu não avisei,
nem que o sol fácil nos enganou,
eu preciso aprender a dizer,
eu preciso aprender a ser só
e acabou.
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