A dialética da cidade mudou,
a poética dos amores urbanos já é outra,
e assim como na maneira que aprendi
a amarrar os meus versos,
eu, hoje, não sinto mais
aquela obrigação de estar certo.
Mas o sol, o sol continua o mesmo,
o sol me aquieta,
me leva na conversa,
me convence de tudo,
como naquela outra época.
O sol me faz ouvir o eco dos anos passados,
das esquinas da praia, dos amores roubados,
do céu rajado e limpo, da areia branca e quente,
da felicidade dos verões vividos,
das saudades que a gente sente.
Ele continua igual;
incólume diante dos horrores,
brilhante como a gente jovem,
e firme como o céu de maio.
A dialética dessa cidade depende do sol,
tudo que acontece nessa cidade é por força do sol
e o que deixa de acontecer também,
pro mal ou pro bem...
O sol que te despe,
que mancha sua pele,
dá cor, te envaidece...
Ele continua igual;
desavisado diante das transformações,
invencível como a gente jovem,
e firme como o só o sol pode ser.
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Só o sol
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