Tardes inteiras de tédio
dissecam a vida,
sob os nossos olhos o tempo,
o sal das lágrimas ,
e não há muito mais que isso...
Só há muito tempo,
tempo passado e ainda por vir,
temos todas as nossas escolhas aqui,
os mandos e desmandos do destino...
Somos água, somos pedra,
gato e rato,
vira-latas...
Somos dois passados distantes,
uma história irreal,
boa história de contar
pra ninar essa tristeza,
e a saudade se mostrar.
Somos dois e mais do que nunca
estamos longe,
estamos sós,
porque quando somos dois,
é quando estamos sem nós.
Somos prédio e amendoeira,
o corneteiro e a esquina,
o leblon e ipanema,
a cidade e a chacina.
Somos dois e mais do que nunca,
estamos longe,
estamos sós,
e quando somos dois,
é justamente quando estamos sem nós.
E somos chuva e mata seca,
o milagre e a padroeira,
o elevado e a ressaca,
joatinga e quarta-feira.
Tardes inteiras são o tédio,
sob os nossos olhos o tempo,
o sal, as lágrimas,
as luzes das avenidas à noite...
Já faz muito tempo,
tempo passado e só.
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