Desacato, destempero,
velhos hábitos,
reclamo, sofro,
tenho sofrido bastante,
em baixo volume,
por trás das estantes.
Somos falhos,
demasiadamente humanos,
e agora, improfundo,
dono de uma rasura que me arrebatou,
que me segurou e me enfraqueceu,
do alto desse nada,
direto desse lugar nenhum,
maldigo a vida,
como em um velho hábito...
Por destempero, desacato,
e por tê-la comigo,
trazê-la sempre comigo...
A esquecida face da realidade,
dos mundos imperfeitos,
das vidas miseráveis,
dos atos mais horrendos,
as coisas detestáveis.
Por destempero, desacato,
velho hábito de ter comigo,
trazer comigo o inatacável,
fato acurado, o indiscutível...
Nós somos falhos
seres esfíngicos,
de simplórios corpos,
com desertos e labirintos,
com pegadas gélidas
e temíveis calores sísmicos,
forças telúricas e divinais.
Nós somos falhos,
por destempero, desacato,
por sermos simplórios e infinitos,
por sermos odiosos e magníficos,
por absurdos e pequenices,
misantropia, bom velho hábito.
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