Cativo das repetições,
carente de palavras novas,
de gente inteligente e afiada,
de quem saiba viver com nada,
que não seja um puro amor...
Carente de romances falsos,
cativo dos mais terríveis fatos,
sinto a aura das repetições,
e as vejo virando novas coisas velhas,
as mesmas coisas velhas,
que não se mutam por amor.
Faço sangria como em sacrifício
debruço-me nos almanaques dos sábios e da língua
crio um invólucro pra mensagem
e escrevo, passo, envio,
escrevo, amasso e queimo...
Deságuo toda noite como um rio,
me faço de tonto pelos dias por desafio,
sofro, infarto, e morro por desatino,
eu me repito,
eu só me repito pra viver sem nada,
pra manter a alma afiada,
e um dia viver só o puro amor.
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