sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Semi-lúcido

No quarto sumi-lúcido,
um quarto pra ver tudo derreter,
eu fujo dos meus monstros todos,
eu busco um final qualquer pra mim...

No quarto semi-morto,
o ser mais absorto, excesso em vida e caos,
não sinto mais nenhum sabor,
a dor é o meu ponto final.

Deslizo pelas bordas,
me atiro em parapeitos,
se tudo não é nada e nem tem gosto,
eu não aceito desaforos.

No quarto semi-lúcido,
dois quartos pra poder ver mais do mundo,
eu quero qualquer coisa pra sentir,
quero não poder dizer
que não estou nem aí.

Deslizo pelos cantos,
procuro histórias boas pra contar,
preciso transcender, esquecer o que há de mal,
porque no mundo sem gosto, o tato é quem me salva,
é quem põe grades nas sacadas pra eu não me jogar.

No quarto semi-morto,
não há mais quartos pra saborear,
estou vivo, estou confuso,
meu fuso é de outro mundo,
não vivo o que aqui há.

Deslizo pela vida quando ninguém me vê,
eu só me alimento do que vai te enfraquecer,
porque o que eu amo me mata,
e o que me ama também,
por isso vivo nesse inferno,
amando mais do que ninguém.

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