sexta-feira, 28 de abril de 2017

Como um samba de verão

Toda vez que passa me salta aos olhos,
e os olhos de mar,
me lembram que o mar é logo ali,
e que bate, as ondas batem,
e meu coração também, bem forte.

Toda vez que aparece,
tenra em seu passo, firme na vida,
por vezes sem motivo,
avoada, distraída.

Toda vez ela passa,
e em seu passo pelas pedrinhas,
como teclas de um teclado,
passa e toca em mim aquele samba de verão.

E olha, ela é mesmo como ele,
e ele se fosse como ela,
seria exatamente como é.

Toda vez, toda vez assim,
de corpo hermético e livre,
e alma dura, alma antiga,
daquelas que se lê de longe, que se foge.

Toda vez, toda vida,
todas elas, todas as vidas,
toda vez ela passa e me salta aos olhos,
e os olhos de mar me lembram,
e os passos nas pedras me lembram,
e as pernas, os trejeitos, as idéias...

Toda vez, toda vida,
ela sempre passa com seu samba de verão por mim,
e olha, ela é mesmo como ele,
e ele se fosse como ela...
seria exatamente como é.

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