Me aproprio dos versos dos grandes poetas pra dormir melhor,
finjo que são meus,
finjo que posso ser,
que posso ter aquele amor todo dentro de mim.
Imagino mil cenários,
mil cidades, mil romances, mil casais,
e finjo que são meus,
finjo que posso ser,
que posso tirar mesmo aquele amor todo de dentro de mim.
Mas hoje minha poesia embusteira, mais do que nunca, falha,
me falta, e faz uma falta danada,
ando precisando preencher minhas noites,
terminar um bloco, escrever algo que me apeteça,
qualquer coisa que enfim me desça e não arranhe.
Por isso eu pego, rasgo, desfiguro, puxo, estico e mudo tudo,
preciso de um poema sujo, preciso de uma boa obra,
eu tenho amor por isso, eu tenho e não finjo,
eu oro à Vinicius,
e que me matem os vícios se for por vontade de Deus...
Mas preciso mesmo disso, necessito das palavras,
das sentenças fluindo, dos versos se encaixando,
dos anos passando e dando sentido a tudo,
preciso ver valor no meu refúgio,
na minha poesia de refúgio.
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