sexta-feira, 29 de junho de 2018
Desencantar
Há uma ponta de mim
que ainda vive de você,
e não há nada que eu faça,
ou que venha a fazer,
que arranque isso de mim,
como me tiraram de você.
E todas as manhãs
quando a névoa se desfaz,
o sol vem me dizer
que os dias sem você
pra sempre vão ser iguais.
Sinto cheiro de veneno,
e falta do seu sofá,
e das tristezas que eu sentia
que me mantinham interessante,
como todas as pessoas tristes
com seus gênios inconstantes.
Sinatra não me diz mais nada,
e até Caetano eu deixei pra lá,
não tenho mais desejos bobos,
nem quero aprender a dançar...
Desencantei, o mundo começou a ganhar,
eu te deixei, porque precisava deixar,
desencantei, o mundo precisava ganhar,
eu te deixei, porque o mundo me fez desencantar.
que ainda vive de você,
e não há nada que eu faça,
ou que venha a fazer,
que arranque isso de mim,
como me tiraram de você.
E todas as manhãs
quando a névoa se desfaz,
o sol vem me dizer
que os dias sem você
pra sempre vão ser iguais.
Sinto cheiro de veneno,
e falta do seu sofá,
e das tristezas que eu sentia
que me mantinham interessante,
como todas as pessoas tristes
com seus gênios inconstantes.
Sinatra não me diz mais nada,
e até Caetano eu deixei pra lá,
não tenho mais desejos bobos,
nem quero aprender a dançar...
Desencantei, o mundo começou a ganhar,
eu te deixei, porque precisava deixar,
desencantei, o mundo precisava ganhar,
eu te deixei, porque o mundo me fez desencantar.
Samba escatológico
Escatologicamente falando
é pública e notória toda minha dor,
e não há mentira nenhuma,
nem verdade proferida
pra curar meu dissabor...
Existem apenas palavras,
apanhadas bem maduras sem nenhum pudor,
estrategicamente assentadas
e muito bem acentuadas
pra pontilhar o meu tratado versificador.
E então eu fiz esse samba dolente,
aqui desse tempo turvo que atravessa a minha vida,
que é pra marcar bem direitinho,
como é que bem devagarinho
açoitaram minhas feridas.
As tardes, os dias e as noites,
empilhadas pelo tempo, me fazendo de palhaço,
e o choro escorrendo no rosto,
nunca foi um choro imposto,
era pra mim uma despedida...
E agora aqui de cima, sofrendo,
não vejo um só motivo que me faça fraquejar,
e o salto, o saco preto, o asfalto,
me parecem tão serenos,
me chamando pra dançar...
Que eu fiz esse samba dolente,
eu fiz bem rapidinho um pouco antes de pular,
eu fiz um samba despedida,
um samba de partida pra não fugir sem sambar.
é pública e notória toda minha dor,
e não há mentira nenhuma,
nem verdade proferida
pra curar meu dissabor...
Existem apenas palavras,
apanhadas bem maduras sem nenhum pudor,
estrategicamente assentadas
e muito bem acentuadas
pra pontilhar o meu tratado versificador.
E então eu fiz esse samba dolente,
aqui desse tempo turvo que atravessa a minha vida,
que é pra marcar bem direitinho,
como é que bem devagarinho
açoitaram minhas feridas.
As tardes, os dias e as noites,
empilhadas pelo tempo, me fazendo de palhaço,
e o choro escorrendo no rosto,
nunca foi um choro imposto,
era pra mim uma despedida...
E agora aqui de cima, sofrendo,
não vejo um só motivo que me faça fraquejar,
e o salto, o saco preto, o asfalto,
me parecem tão serenos,
me chamando pra dançar...
Que eu fiz esse samba dolente,
eu fiz bem rapidinho um pouco antes de pular,
eu fiz um samba despedida,
um samba de partida pra não fugir sem sambar.
Um pouco de paz
Eu só queria um trocado pra mudar o mundo,
e um pouco de coragem pro medo do escuro,
hoje tudo soa tão estranho,
todos os meus gostos me fugiram,
boto na minha boca uma folha de hortelã,
mas o mundo segue sem cor,
sem gosto e sem razão...
Hoje tudo que eu queria,
era sair pra rua e encontrar
pelas calçadas, alguma luz,
alguma paz pra mim...
Hoje, tudo, tudo que eu queria,
eram novos olhos pra enxergar,
era encontrar você ali,
bem onde eu deixei,
você ali,
do jeitinho que eu sabia que estaria...
Eu queria enfervescer enquanto jovem,
queria querer mundo como todos querem,
queria até ter quereres banais,
coisas pra dizer que amo,
discos pra chamar de meu,
livros que cansei de ler,
gente que amei demais,
gente que eu quis pra mim,
mundos para desbravar...
Mas hoje, tudo me parece tão sem sangue,
toda vida meio sem amor,
gente doida andando pelas vias,
drogas que já não constrangem mais,
homens que se atiram das sacadas,
mortos nas manchetes dos jornais...
Mas hoje, tudo aqui parece tão longe de mim,
hoje, eu só queria um pouco de coragem,
queria não ser parte da paisagem,
queria dar adeus e nada mais,
queria só um pouco de paz.
e um pouco de coragem pro medo do escuro,
hoje tudo soa tão estranho,
todos os meus gostos me fugiram,
boto na minha boca uma folha de hortelã,
mas o mundo segue sem cor,
sem gosto e sem razão...
Hoje tudo que eu queria,
era sair pra rua e encontrar
pelas calçadas, alguma luz,
alguma paz pra mim...
Hoje, tudo, tudo que eu queria,
eram novos olhos pra enxergar,
era encontrar você ali,
bem onde eu deixei,
você ali,
do jeitinho que eu sabia que estaria...
Eu queria enfervescer enquanto jovem,
queria querer mundo como todos querem,
queria até ter quereres banais,
coisas pra dizer que amo,
discos pra chamar de meu,
livros que cansei de ler,
gente que amei demais,
gente que eu quis pra mim,
mundos para desbravar...
Mas hoje, tudo me parece tão sem sangue,
toda vida meio sem amor,
gente doida andando pelas vias,
drogas que já não constrangem mais,
homens que se atiram das sacadas,
mortos nas manchetes dos jornais...
Mas hoje, tudo aqui parece tão longe de mim,
hoje, eu só queria um pouco de coragem,
queria não ser parte da paisagem,
queria dar adeus e nada mais,
queria só um pouco de paz.
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