Escatologicamente falando
é pública e notória toda minha dor,
e não há mentira nenhuma,
nem verdade proferida
pra curar meu dissabor...
Existem apenas palavras,
apanhadas bem maduras sem nenhum pudor,
estrategicamente assentadas
e muito bem acentuadas
pra pontilhar o meu tratado versificador.
E então eu fiz esse samba dolente,
aqui desse tempo turvo que atravessa a minha vida,
que é pra marcar bem direitinho,
como é que bem devagarinho
açoitaram minhas feridas.
As tardes, os dias e as noites,
empilhadas pelo tempo, me fazendo de palhaço,
e o choro escorrendo no rosto,
nunca foi um choro imposto,
era pra mim uma despedida...
E agora aqui de cima, sofrendo,
não vejo um só motivo que me faça fraquejar,
e o salto, o saco preto, o asfalto,
me parecem tão serenos,
me chamando pra dançar...
Que eu fiz esse samba dolente,
eu fiz bem rapidinho um pouco antes de pular,
eu fiz um samba despedida,
um samba de partida pra não fugir sem sambar.
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