Despejando meus lamentos pelos dias,
cada vez mais me sinto incurável,
a cada dia me reconheço menos humano.
A vida desgasta,
o amparo do mundo é muito pouco,
e o que ele tem pra me oferecer
já é quase nada.
Desacredito,
me permito apenas ser e vestir
sempre a roupa do desacato.
O que acontece à minha volta já não me interessa,
as felicidades boas parecem todas tolas,
os homens sorridentes, as mulheres felizes,
as crianças pela praia...
Nada disso importa,
a vida pra mim é língua morta,
eu sofro porque quero,
poderia ser feliz,
mas eu nego.
Só os meus mortos me movem,
só eles podem me curar,
e se um dia eu quiser,
se um dia a vida me interessar...
Desacredito,
me permito apenas ser,
ser e vestir sempre a roupa do desacato.
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