domingo, 26 de abril de 2020

Medos

Um pouquinho de tudo que eu amei
está nas lágrimas das noites em que eu ando só,
está em momentos de muita luz e pouca paz.

Nas coisas de que eu fujo
nos medos que eu tenho...

De perder a inspiração,
de ter câncer nas mãos,
de não viver o suficiente
pra ganhar um epitáfio comovente.

Medo da poesia etária,
de perder a praia,
de desencantar e esquecer o pôr do sol,
de nunca mais cantar "acenda o farol!".

Medo de sentir que o fogo apagou,
de nunca mais gritar gol.
Medo de não morar em Ipanema
e morrer velho sem você de meu esquema.

Medo de tudo não ser como eu pensava,
de ver o mundo me negar tudo o que eu acreditava,
tudo que eu tinha e não posso mais ter,
tudo que eu quis mas não vou viver.

Um pouquinho de tudo que eu amei
me mata, todo dia!

Mata de saudades, de remorso,
de querer que fosse diferente.
Matam as vontades que tenho
e até as que não tenho mais...

Matam porque eu morri quando deixei,
morri pra quem deixei pra trás.

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