sábado, 30 de janeiro de 2021
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Quando meias noites passam
e eu me lembro de quem fui,
me perco no emaranhado
que minha própria palavra produz.
São anos, foram anos de descaso e meia luz,
não sou ninguém,
até hoje eu nunca fui,
continuo sem querer,
sou do avesso até o fim.
Hoje chorei lendo o meu amor pelo homem só,
lembrei da vida besta que eu achava sofrida,
lembrei do vô e da vó,
e de como eu fui feliz também,
pensei que eu já quis mais,
mesmo querendo tão pouco sempre.
Talvez eu tenha me tornado
um pedaço bom do que outrora abominei,
distraído por tolices tão humanas,
perdendo o bom da vida pra o dia à dia,
pra palavra boa, pro amor cansado.
Talvez eu tenha me enganado,
e a vida seja mesmo esse emaranhado
que minha própria palavra produz,
eu sempre acreditei demais em coisas bobas,
eu sempre levei fé
no lado triste e escuro das coisas todas.
E precisei falar,
precisei pra lá na frente
eu mesmo poder acreditar,
saber que hoje eu já sabia,
que amanhã é outro dia,
e que tudo vai passar
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terça-feira, 26 de janeiro de 2021
segunda-feira, 25 de janeiro de 2021
Querer saber
Quando é dezembro eu me despetalo,
tenho o ano todo, mas não me preparo,
eu sofro muito, eu me embaraço,
eu não sei de mais nada quando você chega aqui.
As pedras se desfazem,
esquinas ganham vida,
as coisas bestas da cidade
viram antigas feridas...
E eu não sei de nada,
eu não sei de nada mais.
Dezembros me enchem o espírito,
vivo cheio de intenção,
eu minto pras crianças,
eu minto pros meus irmãos.
É preciso ser feliz,
e seguir atento e triste,
E é preciso ter cuidado
pra mais tarde não sofrer...
Porque quando é dezembro
eu me despetalo,
eu sei que é fatal,
mas eu não me preparo...
É meu espetáculo,
o meu e de mais ninguém,
porque eu não sei de nada,
e também... já nem quero saber.
Café de ontem
Hoje eu acordei e tomei o café de ontem,
só pensando em sobreviver,
passar por mais um dia
terrivelmente normal.
Às coisas acontecem sem que a gente perceba,
e os anos atropelam os sonhos,
são como os dias normais.
Dez anos estampados
as maiores alegrias,
a vida pra trás,
e que não vai voltar mais.
Hoje eu acordei e tomei o café de ontem,
só pensando em sobreviver,
passar por mais um dia
terrivelmente normal.
Não reconheço a cidade como parte minha,
abandonei as estacas, dos meus postos sagrados,
eu viajei e não voltei;
só que ainda estou aqui.
Quinze anos estampados
das maiores alegrias,
a vida pra trás,
que não vai voltar mais...
Hoje eu acordei e tomei o café de ontem,
resistindo, pra sobreviver,
pensando que não é possível,
simplesmente não amar ninguém.
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