sábado, 30 de janeiro de 2021

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Quando meias noites passam 
e eu me lembro de quem fui,
me perco no emaranhado 
que minha própria palavra produz.

São anos, foram anos de descaso e meia luz,
não sou ninguém, 
até hoje eu nunca fui,
continuo sem querer, 
sou do avesso até o fim.

Hoje chorei lendo o meu amor pelo homem só,
lembrei da vida besta que eu achava sofrida,
lembrei do vô e da vó, 
e de como eu fui feliz também,
pensei que eu já quis mais, 
mesmo querendo tão pouco sempre.

Talvez eu tenha me tornado 
um pedaço bom do que outrora abominei,
distraído por tolices tão humanas,
perdendo o bom da vida pra o dia à dia, 
pra palavra boa, pro amor cansado.

Talvez eu tenha me enganado,
e a vida seja mesmo esse emaranhado 
que minha própria palavra produz,
eu sempre acreditei demais em coisas bobas,
eu sempre levei fé 
no lado triste e escuro das coisas todas.

E precisei falar, 
precisei pra lá na frente 
eu mesmo  poder acreditar,
saber que hoje eu já sabia,
que amanhã é outro dia,
e que tudo vai passar

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