quarta-feira, 31 de março de 2021

Tempo morto

Vem chegando um tempo morto
e eu estou sofrendo mesmo vivo,
anda difícil me arrancar um sorriso.

Mas não dá pra reclamar,
também sou feito de tristezas.

Sou o próprio fim da estrada,
sou a encruza escura e suja na madrugada.

Eu sou o fim de tarde frio,
sou o dia de vento e chuva no verão do Rio.

Eu sou a bala que uiva na noite 
e leva o sangue pro asfalto.

Sou o açoite doce
da classe média triste que assalta.

Sou o rompante, a euforia, 
a classe que falta na hora que tudo se desfaz.

Não trago boas notícias,
eu não gosto de você.

Sou essa aura negra,
sou sempre morto e triste,
sou o causador de toda dor que o mundo assiste.

Não trago boas notícias,
eu não gosto de ninguém.

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