Cansaço de tudo
do mundo,
da turma,
do bairro,
das ruas...
Exausto da gente
da gente efusiva e triste mendigando um olhar,
da vida vazia,
da tarde que não esfria,
do verde indistinto nos cantos do velho lugar.
Cansado dos sóis,
dos improváveis heróis,
das raças,
das farsas,
dos homens de luz.
Me parto, eu sou rato,
me escondo, não trato,
eu sou gente da mais fina flor
aqui deste lugar.
Cada vez mais cansado,
penoso e distante,
não sou mais como antes
e hoje eu não quero ser.
Sou do lado mais farto,
lado negro e tirano,
sou dos deuses severos,
de amores lancinantes...
Sou da mais larga sombra,
parte escura da lua,
da cidade das trevas,
lugar triste e sem fundo.
Sou cansaço demais,
e não ligo de ser,
sou desleixo, descaso,
velha dor, desalmado.
Sou o horror e o maltrato,
a fissura dos males do mundo,
o escape profundo, mais fundo,
e mais fundo...
Sou o ódio sem máscara,
sem disfarce e remorso,
sou o total desamor ao próximo,
eu não rio,
eu não choro.
Eu não sei,
não sou,
não quero mais ser.
Eu só... não.
Quase sempre,
não sei...
Mas é cansaço,
é disso que eu entendo,
é disso que eu falo...
Cansaço de tudo,
de gente,
de quem sente,
das praias,
das marcas,
das folguras da manhã...
E do amanhã é claro,
enquanto ele vem,
enquanto eu ainda o faço de otário,
enquanto eu permito,
enquanto eu espalho os seus pedaços por aí.
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