Desaprofundado de mim mesmo
sigo caminhando com a rasura
sigo me preocupando com as coisas mundanas que jurei combater,
vivendo o descalabro do amadurecimento tardio,
da obrigação da vida,
do cuidado e da fadiga.
Sou vício nocivo,
homem como qualquer outro,
menor que muitos outros,
melhor do que alguns tantos.
Mas ainda o menino debaixo das escadas,
o quase poeta desacreditado,
primeiro a ir embora
e último a rir.
De mim, apenas um falso condutor,
singelo antiherói sem charme e faculdade,
trazendo sempre o peso da maldade,
e a nuvem negra que ainda me permite sonhar.
Como um vício sinistro,
a afeição pelo desatino,
o gato preto, o homem omisso.
Sabedor de quase nada,
fraco e triste,
sem sabor...
Que não tendo em si pra dar,
não viverá o grande amor.
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