terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Desaprofundado

Desaprofundado de mim mesmo
sigo caminhando com a rasura
sigo me preocupando com as coisas mundanas que jurei combater,
vivendo o descalabro do amadurecimento tardio,
da obrigação da vida,
do cuidado e da fadiga.

Sou vício nocivo, 
homem como qualquer outro,
menor que muitos outros,
melhor do que alguns tantos.

Mas ainda o menino debaixo das escadas,
o quase poeta desacreditado,
primeiro a ir embora 
e último a rir.

De mim, apenas um falso condutor,
singelo antiherói sem charme e faculdade,
trazendo sempre o peso da maldade,
e a nuvem negra que ainda me permite sonhar.

Como um vício sinistro,
a afeição pelo desatino,
o gato preto, o homem omisso.

Sabedor de quase nada,
fraco e triste,
sem sabor...

Que não tendo em si pra dar,
não viverá o grande amor.

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