terça-feira, 31 de dezembro de 2024
sábado, 7 de dezembro de 2024
Fazenda inglesa
Assim como sempre chove na fazenda inglesa,
também não há sol em mim;
há anos não há luz aqui.
Sim, assim como sempre chove na fazenda inglesa,
aqui os tempos se fecharam.
As boas novas findaram;
o ritmo impassível da vida
diante dos desastres,
me atropelaram.
Desato os nós de maneira silenciosa,
de dentro deste moedor de carne
que virou a vida.
Do peso morto que sou,
do muito roto corpo,
e do que valho... só o peso da carne.
Dói, sim,
dói, e vai doer pra sempre mais.
Compreender a existência,
transcender os paralelos nos dias de chuva,
atravessar a cidade fenecida,
inundada de tratantes e homicidas.
Nunca me deve parecer normal
o mundo sem ti,
a cidade sem ti,
a vida sem ti...
e a morte tua dona.
Mas, assim como sempre chove na fazenda inglesa,
há em mim essa centelha,
o sopro dos anjos,
a vocação dos mais tristes,
dos incompreendidos homens.
A desobediência,
do ser que não sendo Deus
e nem divindade,
ainda assim é capaz e crê
no poder de criar beleza.
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Sopro
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Revelia
quarta-feira, 31 de julho de 2024
terça-feira, 30 de julho de 2024
Despossuir
quarta-feira, 5 de junho de 2024
Ninguém aguenta
Pouco sentimento
terça-feira, 26 de março de 2024
Homenagem à Augusto Frederico Schmidt
a qualquer tristeza da vida,
as tristezas tolas todas,
tristezas que nem são minhas...
Como a do perdido e pobre contador de histórias,
do alto de sua sabedoria,
vociferando versos íntimos
sem abaixar o tom com o raiar do dia.
Há muito me sinto
cada vez menos envergonhado do mundo,
cada vez menos me importo
de no fim tornar-me Schmidt,
ao invés de Drummond de Andrade.
Vivo mesmo numa outra pegada,
ando morto, ausente de tudo,
ando muito, muito mesmo...
ando pra saber quando sumo,
quando os olhos retraem
e os músculos finalmente relaxam...
quando o transe intenso se desfaz,
quando desisto de tudo e o mundo de mim.
Dormindo 12, 13, 14 das 24 horas do dia,
somente tomando nota da vida,
botando em linhas o desgosto,
tentando justificar essa falta de querência,
essa desnecessidade de tudo.
Enquanto se torna cada vez mais difícil
esconder-se da luz dos olhos,
do desejo sobre-humano de estar presente,
de continuidade, de sangue do meu sangue,
de simplicidades, família,
de tudo que alguém um dia pode querer.
Ah, é impressionante como tudo pode parecer tão claro
enquanto o transe não se desfaz,
enquanto a voz do contador de histórias não some
pra se misturar no barulho da manhã,
e desaparecer junto das soluções para lhe dar
com todas as quimeras de antes de anoitecer...
É como quando a vergonha do mundo
aparece de surpresa,
e me toma meia vida de uma vez,
e eu ando, corro, eu sigo firme...
Assisto o amanhecer de pé,
mesmo sabendo de tudo que a matinada traz,
mesmo sabendo que ando pra casa sangrando minhas verdades,
sendo levado pelas canelas,
açoitado pelas mentiras do mundo,
tomado pouco a pouco pela sombra dessa parte,
por todas as convenções covardes
que nos transformam nos homens conformados,
que vemos por aí por todos os lados...
Homens que não sentem
mas que vivem despossuídos do sangue dos anjos,
desinteressados dos sonhos das crianças,
da ternura dos poetas,
descontinuados do amor
e da imensa compreensão das mulheres.
Já vou
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
Olhos baixos
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
Vazio
de repente me domina,
um amor de outra vida,
Como mágica, deslizo,
e me perco pelas linhas,
com essa pecha de fascista.
não entendo astrologia,
perdi ela noutra vida,
Se eu corro, não me achas,
já que vives nova forma...
sofro de esquizofrenia,
bato-as sempre com água fria,
Gelo tudo, tudo mesmo,