sábado, 21 de janeiro de 2012

Liao

Ela me olhou com um jeito diferente
com os olhos tristes e o nariz fino em riste
mas não me disse uma palavra...

Ela me olhou já sem dúvidas
pegou a minha mão com desejo entre os dedos
ela me encantou naquele instante
e se esqueceu dos medos.

E eu sempre digo que sim...
já que ela nem me leva a sério.

E se é tudo assim tão por impulso...
me aproveito e a deixo ser feliz por usufruto.

Contando segredos de fim de tarde
envergonhando os mais quentes verões
derretendo pardais pela cidade
incendiando os bancos de trás.

Criando canduras em ruas escuras
em lugares que não há brilho em negar
em ser dama furtiva demais...

E eu não vejo nada melhor
do que aqueles olhos tristes na penumbra
só maldando e mudando as posições
os destinos pelas sombras, procurando sacanagem
embaçando os vidros, nos cantos, nas ruas estreitas da cidade.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Jus naturale

O que esses olhos negros contam por alto,
assim alto, eu não posso querer entender...

Sem querer que seja tudo meu, mesmo sem seu parecer,
sem te tocar, te ter por perto,
sem te desejar, sem pudores, sempre um pouco mais.

E os seus tons em degradê, os seus cantos,
o seu gosto, o sorriso mais lindo
mais branco do mundo em teu rosto...

Tudo isso me rende, me prende feito em canto e contraponto,
nessa rotina de te ver, de esconder pra me conter,
pra não deixar transparecer demais...

E todo esse corpo que ainda só queima em nome do amor,
um amor de tolo que me torna cada vez mais fraco,
prisioneiro do seu andar, louco de pedra nessa terra
onde a areia é sempre o palco perfeito pra te ver desfilar...

Mulher, mulher, mulher sem cor,
que tange meus sentimentos com leveza,
que toca o medo de dentro pra longe,
me situa, se insinua, me apaixona,
faz-me crer em outras verdades, teu corpo é um ataque,
um atentado covarde, com "jus naturale" a minha já escassa sanidade.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Bia

Novos ares vermelhos de paixão
os mesmos medos e beijos
e aquela velha e domingueira rouquidão.

Novos ares, tudo de bom por ai...
e o céu nem era tão azul assim.

A noite as estrelas brilham
e já fazia tanto tempo que eu não via...
acho que me faltava Bia.

Novos ares, nossos lugares
e os mesmos sentimentos, simples assim
sem ressentimentos, sempre te quis.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Bolero punk

Noite nero, bolero punk, incendiário
cadeiras que voam, mesas quebradas
tragos, copos, carreiras
malucos, cadelas, e bichas atiradas...

Garrafas cheias, cabeças vazias
sombra de gente séria que anda bem vestida de dia.

Carregando a fachada na testa,
e a ressaca das noites que não lembram mais...

Do ar quente, das pernas, de quem diz que é fiel,
dos sorrisos, dos olhos, da malícia a granel.

Toda essa cena que alguém esqueceu no replay
de toda essa gente que se repete de um jeito que eu penso... No way!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Alto lá

Alto lá, não brinde o amor sem perdão
não leve a sério tudo o que eu falei sem pensar
só esqueça e seja minha menina...

Não precisa mais dizer
sei que eu errei, mas já tentei me redimir também
por favor, só esqueça e seja minha menina.

Eu atiro culpa pra todos os lados
generalizo, uso clichês batidos, fracos...

Errei por que sou homem
sou sapien sem saber
o problema não é você, não é você.

Machista e todos os "istas"
que você queira dizer...

Mesquinho e outros vários "inhos"
pra você repetir quantas vezes quiser.

Mas alto lá, não brinde o amor sem perdão
não existe nada mais que eu queira,
só que você esqueça e seja de novo a minha menina.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Lua e estrela

Caetaneando pela cidade
abaianando os cantos cariocas...

Os nossos lados dessa praça,
nossas histórias e arruaças,
rindo sem parar, fingindo não lembrar de nada...

No baixo, na paz, no nove, na lagoa,
por todo lado, é fato,
é fácil ter andanças pra dizer sempre que sim.

Caetaneando pelos meus espaços
abaianando as pedras cariocas...

Os nossos lados dessa extensa cidade,
nossas viagens, as mentiras e as verdades,
vivendo sem parar pra olhar, só se perdendo por aí...

No copa, no aterro, no dez, e no arpoador,
por todo lado, é fato,
é fácil ver de novo a lua e a estrela por todo lugar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A delícia

A delícia de te ter por perto
faz que seja sempre tudo tão especial,
traz pra mim a falta,
aquelas tardes de tédio à dois,
em que eu finto toda a vontade de sumir
e só vou deixando pra depois...

Deusa dessa parte mais clara
desse lado da vida sem nada a perder,
do estado mais puro que é ditado assim
como o indizível que se dita,
deita, se deleita, porque é matéria também,
corpo são, bela e etéria nesse altar,
nesse alter ego fera, não etária,
não derrete nem se basta...

E a delícia de te ter por perto
torna os sete céus sempre mais próximos,
e me da mapas nas mãos
com destinos traçados pelos sete mares...

Deusa dessa imensidão, em cores e sabores,
em corpo habitável, desfrutável por inteiro,
é justo ver que não há o que se apague a sua volta,
saber que ofusca todo um mundo que vive aos seus pés,
seres de ares quase indignos,
que merecem sempre pouco menos do que tem.

Só por que te amo

Deitado, morto, entregue ao mundo...
eu só queria ver a porta abrir,
junto com o seu sorriso mais lindo
só pra valer a pena estar aqui.

As sombras gelam de novo
nesse verão de quarenta graus,
reforçam sua ausência a cada esquina
e a curiosidade de onde você está...

E pra onde levou os meus sonhos,
aqueles planos de me mudar,
tornar-me funcional pra sua vida sempre teatral.

Só por que te amo...
e não escondo o que é fácil ver,
não é justo me fazer de tolo
sem desfrutar de todo prazer.

Viver a saudade não é mais tão simples assim,
já tem tanto tempo
e eu ainda não entendo se foi bom ou ruim.

Só por que te amo...
e enxergo só aonde quero enxergar.
Tudo o que diz é doce, é mantra
me traz tanta paz quanto olhar o mar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Luísa

Ruas de Luísa por onde devo passar
curvas desinibidas, sinais
rastros de pureza e sonhos tropicais
a nossa espera são tantas andanças
te vejo em meus sonhos feliz como criança...

Espero esse sorriso bem de perto com ou sem amor
aguardo estas tuas pernas
e o dilema de ser só ou não

Contar todos os astros
fazer parte dos seus desastres
seus desarmes e por fim ser Deus em ti

Espero que não sejas
assim como eram outras
e que estejas para mim
como pra ti me posto a ser.