Nem todo meu descontento,
todo descontentamento que carrego,
todas as merdas que falo,
toda dor, todo rancor que eu guardo
seria motivo o bastante pra
explicar essa aura negra...
Nada, nada pode fazer isso parecer legítimo!
Nem todo sol dessa já conhecida parte
consegue desfazer as sombras,
nem todo calor desse Rio,
nem todo verde do mar,
nem o amargo das ondas,
das noites, das longas manhãs...
Nada, nada me tira as trevas de dentro,
nada me tira de dentro das trevas,
trevas totais.
Sinto que me falta tanto
que não sei por onde começar,
Sinto que não mereço nada do que tenho,
às vezes penso em me jogar, penso em voar,
sumir daqui, dalí, de todo lugar...
Desaparecer, sumir com gosto de sangue na boca,
manchando as paredes, sorrindo e sendo filmado,
ferido, morrendo calado, seguindo no passo de sempre...
Na escuridão de ontem,
na infâmia do hoje,
na certeza aterrorizante do amanhã.
Nem todo meu descontentamento justifica,
nada, nada sinto,
desapareço,
partido,
minto.
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