Ando artisticamente frágil
qualquer coisa me desencanta,
vivo ultimamente um desinteresse sobre-humano,
uma coisa tão viva dentro de mim
que já não encaro como um corpo estranho.
A tempos me perdi do meu eu lírico,
e pelo andar da carruagem,
pela ausência persistente,
penso que talvez ele tenha sido assassinado,
talvez tenha por fim se suicidado,
parecia mesmo uma vontade de tanto tempo.
E eu, ando mais sozinho,
mais sofrido do que antes,
mais perdido, mais sumido de mim mesmo.
Eu tenho dado um bocado de trabalho
pras minhas tristezas,
andei desenterrando uma a uma,
eu quis procrastinar, rever, reler,
reescrever cada uma delas...
Eu quis,
e fiz isso por motivos que eu mesmo desconheço,
que desconheço mas que moram dentro de mim.
Motivos esses que assassinam minhas vontades,
que margeiam minhas alucinações,
que podam meus quereres,
que me jogam de cima de prédios
nos sonhos em que penso poder voar.
Ah, eu preciso tanto,
tanto, tanto de todas elas,
de cada uma delas...
Tristezas,
essas tristezas brandas que ficam
e que já não nos tiram mais nada,
não nos tiram lágrimas,
nem trazem nenhuma dor...
Tristezas,
essas tristezas doces
das quais tiramos por acidente boas melodias,
bons olhares, boas lembranças,
tiramos sóis pros dias cinzas.
Tristezas,
tristezas mais que lindas.
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