É pela vigésima vez que hoje eu insisto
em dizer-te que não vivo,
é pela tua falta,
pelo traço torto que minha linha da existência
se tornou ante tua ausência.
É que tudo que eu tenho,
tudo que eu tinha,
ficou em você...
O amor que eu guardava
floresceu sob tua égide
e não quis saber de ficar
quando você partiu...
Minha difícil admiração
também se apegou aos teus passos,
e as minhas palavras,
minhas rimas,
meu refrões...
Todos até hoje residem em ti,
nos teus sonhos,
nas tuas marcas,
nos cantinhos,
tuas curvas...
Mas os lamentos,
os lamentos escaparam,
a dor você esqueceu comigo
e não há mesmo o que fazer a respeito disso...
Ela é muito apegada,
cuido bem, fino trato,
alimento, afago,
sinto que sou por ela muito estimado.
E deve ser pela vigésima vez também
que hoje eu insisto
em fazer esse papel de coitado,
não te esqueci,
não te deixei sumir daqui ainda...
Mas é porque você tem culpa,
você levou tudo de mim
e eu já não suporto estar vazio assim.
Preciso te guardar,
pra me guardar,
pra não acabar louco de pedra,
arrastando o coração na terra,
com os olhos doentes, cegos, brancos,
carregando um sofrimento franco,
levitando, vagando por vagar,
seguindo a qualquer preço
nesse eterno e vil penar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário