Se você voltar
eu vou estar aqui,
cedo ou tarde,
eu vou estar pra você...
Por acidente,
por acaso,
por descuido,
por prazer...
Eu vou estar.
Eu vou ficar.
Vou dar plantão nos nossos cantos,
chorar como nunca nas suas pedras,
vou acampar no mirante,
virar caixeiro viajante,
não vou voltar pra casa,
não tenho lar...
É que é desamparado que eu vivo
sem abrigo no teu peito.
É desamparado que eu sigo,
preciso mesmo me virar no mundo.
Mas se você voltar,
se voltar eu vou estar aqui,
cedo ou tarde,
dia ou noite,
nossas horas,
nossos dias,
eu vou estar,
eu vou ficar...
Vou dar plantão nos seus lugares,
vou desaguar na sua rua,
eu vou plantar uma palmeira,
um jacarandá,
vou dar de maluco...
Eu vou gritar os meus versos estúpidos
na alta madrugada,
vou te acordar pra ver o show,
o meu trepidar pelas calçadas...
Eu vou prometer
que vou parar de beber,
vou plantar um ipê amarelo
no seu scarpin vermelho,
e vou ser bem sincero,
vou discursar sempre aos berros,
me apresentar pra sua varanda vazia
pra matar-te de vergonha,
fazer você chamar a polícia!
Eu vou me jogar nos paralelos,
alucinar, fazer papel de perturbado,
eu vou rolar de rir a noite inteira,
ladeira a baixo, ladeira a baixo...
Mas se você voltar,
se voltar eu vou estar aqui,
cedo ou tarde,
dia ou noite,
vou estar só pra você...
Pra assistir a sua volta,
pra beijar-te o corpo inteiro
e esquecer da falta doentia que você me fez.
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