sexta-feira, 24 de julho de 2015

Não sou ninguém

Já não sou o mesmo
desde que você resolveu ir,
eu não consigo ver beleza
e nem criar do jeito que sempre fiz,
já não aguento mais Vinicius de Moraes,
não consigo parar pra ouvir as canções do amor demais.

Estou apegado ao escuro
que é tão afável a minha falta de luz,
eu já não consigo te ver
quando fecho os meus olhos,
e eu mal acredito que não posso.

As sombras conversam comigo
e agora eu respondo,
eu me lamento aqui, estou entregue,
já não sei o que deve ser daqui pra frente...
esse abandono não me pertence.

Me encontro enterrado em versos sobre a morte,
palavras do Místico,
Baudelaire e de Schmidt,
eu não aguento ouvir canções que não sejam blue's,
eu só consigo ouvir os tangos,
os fados que não possuem luz.

Me encontro agora num baixo sem igual,
fazem dias que vivo rente ao chão,
fazem dias que eu fico aqui, estático,
e sofro feito um cão.

Estou apegado ao escuro
que é o que mais se aproxima do que se tornou o meu coração,
eu já não consigo te ver de jeito nenhum,
e eu mal acredito que não posso,
que não vou mais ter você.

As sombras conversam comigo
e eu não me esquivo mais,
não faz sentido, eu alucino,
não consigo te ver com outro rapaz...

Me encontro enterrado em restos de nós,
nos planos secretos,
nos toques, nos choques,
na vontade de nunca estarmos sós.

E eu já não sou mais o mesmo
desde que você resolveu sumir,
eu não consigo ver beleza
e nem criar como sempre fiz...

Porque eu já não sou o mesmo
e acho que você também,
eu já não sou o mesmo,
sem você, não sou ninguém.

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